Namorar Natalie Portman não é para qualquer um. Mas Moby, o famoso músico, não é qualquer um. Escreveu uma autobiografia (Then it fell apart) na qual relata um romance (breve) com Portman. Ele, um homem de 33, namorando uma garota de 20 – o amor não tem idade, certo?
Pena que Natalie Portman tenha negado tudo. Em entrevista, ela se lembra de Moby, sim, quando se encontraram pela primeira vez: um homem mais velho “being creepy with me”. Ouch!
Desiludido com a amnésia da sua namorada imaginária, Moby não se conformou. E publicou uma foto de ambos: ele, sem camiseta, abraçando uma Natalie Portman com um sorriso amarelado. Na cabeça de Moby, a foto é a prova que faltava.
Mentir é feio, Moby. Mentir sobre namoradas imaginárias é ainda mais feio, rapaz. Mas, quando lia as desventuras amorosas de Moby, não consegui me controlar: se eu fosse um mentiroso profissional e escrevesse a autobiografia, quais seriam as minhas conquistas falsas?
Nasci em 1976. Cheguei à idade adulta em 1994. Natalie Portman, ainda menor (nasceu em 1981), estaria excluída por razões morais e legais (exatamente por essa ordem, meritíssimo juiz). A segunda Natalie que eu amo, de sobrenome Wood, também não seria opção (morreu no ano em que Natalie Portman nasceu). Quem restaria?
Aqui vão três páginas dessa falsa autobiografia que um dia, às portas da morte, tenciono publicar.
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“Roma no verão é a imagem mais aproximada do inferno. Mas, em 1994, com a juventude a latejar nas veias e algum dinheiro no bolso, cheguei à cidade e procurei um hotel decente junto ao Largo Alberto Beltramelli, onde ficava a casa da minha professora de italiano.
No primeiro dia, fui um turista obediente e sem imaginação: visitei o Fórum, deambulei pelo Coliseu e jantei em Trastevere, onde creio ter sido roubado pelo restaurante. No dia seguinte, depois de uma noite quase em branco (o calor, o ruído, o cheiro intenso de gorgonzola – ou seria urina de cachorro?), cheguei ao meu verdadeiro destino.
A professora recebeu-me no cimo das escadas, sorriu e apresentou-se: ‘Monica’, disse ela, estendendo a mão. ‘Monica Bellucci.’ As palavras, que eu julgava uma especialidade minha, desertaram-me. Preferi escutar: Monica era então uma jovem atriz, sem trabalho certo, que ensinava italiano a estrangeiros na casa de uma tia. Eu era o seu primeiro aluno e, nos dois meses que passamos juntos, o seu primeiro grande amor...”
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“Quando a Carnegie Deli ainda existia em Manhattan, era possível comer um sanduíche de pastrami que rivalizava em altura com os arranha-céus da cidade. Era cliente regular: chegava por volta da meia-noite e os empregados tratavam do resto.
Foi numa dessas vezes que conheci a Mimi: o pastrami tinha esgotado e ela, desolada e faminta, preparava-se para deixar o boteco de mãos vazias. Levantei-me e disse: ‘Posso partilhar o meu sanduíche, senhorita. Isso aqui dava para alimentar a África inteira!’ Mimi ficou chocada com tamanha insensibilidade, mas a minha beleza exótica, mediterrânica, quase insolente (palavras dela), fê-la aceitar.
Foi o início de uma amizade intensa, que rapidamente se converteu em algo mais. Mas eu sabia que a nossa paixão seria breve: eu não pertencia ao mundo de Mimi. Isso tornou-se dolorosamente evidente quando o New York Post publicou uma foto de paparazzo com a legenda assassina: ‘The Beauty and the Beast’ (‘a Bela e a Fera’). Sim, eu não era ninguém ao lado de Michelle Pfeiffer...”
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“Agora, nas vésperas de fazer 80 anos, ainda tenho gratas surpresas. Ontem, ao início da tarde, o mordomo anunciou a senhora Christine de Rastignac. A minha memória já não é o que era e aquele nome, Rastignac, só me trazia à lembrança um personagem de romance francês, que lera nos verdes anos.
Finalmente, a misteriosa senhora Rastignac entrou no quarto e uma lágrima festiva viajou pelo meu rosto. ‘Rastignac?!’, perguntei, olhando incrédulo para a minha Christine. Era verdade. Tinha se casado recentemente – aos 88 anos! – com um famoso produtor de champanhe de Bar-sur-Aube de nome Alphonse de Rastignac. Para o provar, até trouxera três garrafas, que bebemos sem demora, enquanto recordávamos o Rio de Janeiro da virada do século: eu, um jornalista em início de carreira; ela, uma atriz que conhecia o seu primeiro sucesso na Globo; mas ambos jovens e pateticamente apaixonados.
No fim, quando nos despedimos, segurei nas suas mãos – aquelas mãos de uma alvura rara, preciosa – e disse-lhe: ‘Para mim, serás sempre a Christine Fernandes’. Creio que se emocionou com as minhas palavras, embora o álcool tenha dado uma ajuda...”
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