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Jocelaine Santos

Jocelaine Santos

Liberdade de expressão é condição necessária para a democracia

Verdade

Precisamos de agências de checagem nas redes sociais?

Mark Zuckerberg
Mark Zuckerberg em foto de 2019, durante audiência no Congresso norte-americano. (Foto: Michael Reynolds/EFE/EPA)

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Não faltou gente tendo chilique ao saber que a Meta não vai mais usar agências de checagem de informação nas plataformas do grupo. A medida só vale nos EUA, mas aqui no Brasil, o pessoal adepto do pensamento único já estava arrancando os cabelos e clamando ajuda ao grande irmão supremo para interromper mais essa “barbaridade”.

No entender dos que defendem a censura prévia, o fim do filtro das agências de checagem no Instagram e Facebook levaria o país à era da barbárie, ao fim da civilização, ao domínio da “extrema direita”, do “discurso do ódio” e da “desinformação”. As agências de checagem seriam a salvaguarda contra tudo isso, a única forma de se garantir um ambiente digital minimamente saudável. Mas será isso mesmo?

As pessoas não precisam (e não podem precisar) que alguém determine o que pode ou não ser visto, lido ou dito nas redes sociais, muito menos que diga o que é verdade ou o que é mentira

Antes de tudo, reconheçamos: há muita informação falsa circulando nas redes sociais – mas não só nelas. Mentiras sempre estão por aí, inclusive na boca de jornalistas, influenciadores, políticos e, sim, também dos “checadores de informação”. Agências de checagem não são formadas por seres celestiais, livres de paixões mundanas, isentos, incorruptíveis, imunes a erros ou distorções.

Quem faz a checagem são pessoas, quase sempre jornalistas, professores, integrantes de grupos financiados por alguém – como o próprio governo ou o TSE. Cada checador tem seu próprio histórico, convicções pessoais e políticas, ideias e opiniões sobre vários assuntos e dificilmente conseguirá deixar de lado essas convicções na hora de examinar uma postagem.

No caso de dados mais ou menos exatos, como números, datas e nomes, a checagem é mais fácil e bem-sucedida, no sentido de poder efetivamente apontar se há ou não um erro numa postagem. Mas o problema não é esse. Imagine uma postagem de teor político. Um usuário de uma rede social escreve que o governo Lula está acabando com a democracia no Brasil. Trata-se de uma simples opinião, que não traz nenhum tipo de ofensa pessoal a Lula, e que jamais poderia ser enquadrada como criminosa.

Ao ler essa postagem, as pessoas poderiam concordar ou não, argumentar ou expressar seu próprio ponto de vista sobre o assunto. E isso é o que deve acontecer numa democracia, que defende constitucionalmente o direito de as pessoas expressarem sua opinião. Eu, você e todo mundo têm o direito de achar o que quiser de Lula ou de qualquer outra autoridade e expressar isso publicamente.

Agora imagine essa mesma postagem sendo “moderada” por uma agência de checagem formada por militantes de esquerda – e existem muitas por aí, inclusive sendo remuneradas com dinheiro público. Essa postagem absolutamente normal pode ser tachada de fake news ou desinformação, pois, para um militante de esquerda, Lula pode ser o mais democrático dos seres – ao menos dentro do modelo que eles entendem ser o ideal para a democracia.

Agências de checagem não são, nem nunca serão, a melhor maneira de minimizar as mentiras nas redes sociais. As pessoas não precisam (e não podem precisar) que alguém determine o que pode ou não ser visto, lido ou dito nas redes sociais, muito menos que diga o que é verdade ou o que é mentira. Nós é que devemos ter condições de fazer essa distinção, e isso só pode ser feito em um ambiente de liberdade – coisa que o pessoal histérico contra a decisão de Mark Zuckerberg não quer de jeito nenhum. Para eles, somos bárbaros que precisam ser domesticados por meio da censura e repressão.

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