A diversidade está na pauta da diretoria das empresas e também no setor público. Esta semana foi aprovada, na Câmara dos Deputados, uma lei que reserva para mulheres 30% das vagas em conselhos de administração de empresas públicas. A Califórnia, nos EUA, aprovou uma lei similar em 2018.
Recentemente, outra lei que obriga a igualdade salarial e de critérios de remuneração entre mulheres e homens foi aprovada pelo presidente. Parece óbvio, mas as mulheres recebem, em média, 20% menos que os homens na mesma função. Em cargos de liderança, o valor chega a ser 30% menor.
Inclusão; qualidade de vida e sustentabilidade são valores essenciais para a sociedade que se molda nessa nova economia. A expansão tecnológica e da indústria apresenta desafios, ao mesmo tempo que novos comportamentos e novas necessidades exigem formas diferentes de se tratar diversos temas.
A questão da diversidade e o mercado de trabalho, por exemplo. Estudos sobre a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a equidade salarial e a presença feminina em cargos de liderança e em conselhos empresariais mostram que se continuarmos no mesmo ritmo, levaremos cerca de 100 anos para que homens e mulheres tenham chances iguais.
A presença de mulheres em Conselhos é baixa no mundo inteiro. No índice S&P 500 (índice que reúne as maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos), elas participam em apenas 32% dos conselhos. Investidores como State Street Global Advisors e BlackRock se posicionaram contra a reeleição de diretores em conselhos só masculinos.
Representatividade nas equipes e na gestão resulta em mais inovação e melhor tomada de decisões. Presidentes e altos executivos que conseguiram conduzir e liderar essa mudança atestam que as mulheres são mais propensas a incluírem na estratégia corporativa questões como mudanças climáticas, impacto social e direitos humanos. É claro que precisamos de ações afirmativas.
Ações como mudança de legislação são um avanço, mas precisamos pontuar que a representatividade importa, mas a inclusão é ainda um próximo passo. UMA não é suficiente.
Conselhos possuem, em média, 10 membros. Não dá, simplesmente para incluir uma mulher e esperar que a mudança aconteça. Vários estudos mostram que a dinâmica do conselho muda positivamente quando há, pelo menos, a presença de três mulheres. Três parece ser um “número mágico”. Com pelo menos duas colegas do sexo feminino, as mulheres são mais propensas a falar e serem ouvidas.
A consultoria Egon Zehnder indica que para se chegar a esse resultado é preciso olhar além dos currículos. É preciso procurar o potencial para uma grande liderança examinando quatro características: curiosidade, percepção, determinação e engajamento. Essa abordagem produzirá mais e melhores candidatos diversificados aos conselhos e à alta gestão.
O papel dos conselhos também vem mudando. Começando pelas grandes empresas, há a necessidade de mesclar perspectivas e integrar visões diferentes em todas as decisões. Para isso, muitas vezes, é necessário repensar as próprias práticas e crenças.
É uma jornada contínua - mais do que buscar metas de representatividade. Mais do que aceitação para a inclusão. Vale a pena perseguir o número mágico para qualquer grupo minoritário, as diferenças começam a ganhar força e trazer resultados.
Bora?
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