Quando se fala em inovação no mundo empresarial, é comum que se pense em startups e empresas de tecnologia, tipos de organizações recentes na História. O senso comum considera que estes negócios seriam os únicos preparados para atender a novas demandas e lançar produtos e soluções inéditas no mercado, enquanto empresas convencionais, bem estabelecidas em sua área de atuação, não seriam listadas como sinônimo de disrupção.
Justamente por suas décadas de história, são as organizações com mais bagagem e experiência "tradicionais" que podem inovar ao responder aos anseios do mercado. O Corporate Venture Builder (CVB) é um caminho para essa expansão em harmonia com o tempo atual. Geralmente descrito como "empreendedorismo dentro da empresa", o CVB é uma forma de criar novos produtos e serviços que agreguem valor à companhia, em funcionamento paralelo à atividade tradicional da empresa. Isso requer reconhecer as forças internas e conhecimentos que a empresa já detém, somada a uma abertura para reorganizá-los de forma a criar novos negócios.
O Internal Corporate Venturing (ICV) – uso de ativos internos da companhia para abrir um novo flanco de atuação no mercado – é uma maneira relativamente barata de inovação, e será cada vez mais o que empresas de médio porte devem buscar para inovar. Outra vantagem: ICV tem risco e custo menores de estruturação e operação se comparado à aquisição de um novo negócio ou mesmo o aporte em uma empresa nova. Com um bônus: valorizar o que há de melhor na estrutura técnica e humana da companhia.
Uma spin-off é a organização interna que atuará construindo novos produtos e ideias que possam agregar valor à companhia, e que podem ou não estar relacionados ao negócio principal da empresa. É comum que a spin-off seja exemplificada como um segundo motor, construído paralelamente à atuação da empresa consolidada, chamada de primeiro motor. O motor 1 é o que vai gerar receita e manter as condições para que o motor 2 inove, teste, erre, acerte e, porventura, até substitua o negócio principal.
Ao tomar o caminho do ICV, a Gazeta do Povo provou que uma empresa centenária pode ser um ambiente frutífero de inovação corporativa. A sintonia com o que há de mais atual no mercado faz parte da Gazeta – um exemplo é o fato de que o jornal foi o primeiro quality paper a adotar a postura digital first. Com o ICV, aceleramos esse DNA inovador e passamos a conectar os pontos: o que temos de força e o que podemos estruturar de novo a partir delas.
Atento ao mercado
Em 2019, ao lançar a spin-off Pinó, o grupo deu um passo corajoso nesta direção. A empresa se debruçou sobre os ativos internos, com um olhar fresco ao know how das equipes setorizadas, e de ouvidos atentos às dores do mercado.
Detectamos na trajetória de mais de três décadas do Bom Gourmet um conhecimento profundo do setor de alimentação e gastronomia, e um relacionamento contínuo com o trade, indústrias, mercado e público final. Tínhamos em mãos os ingredientes ideais para criar um novo produto. Identificamos uma dor no setor de restaurantes que nós poderíamos solucionar: a falta de inteligência de mercado para os donos de restaurante.
Assim surgiu o Food Co. O produto foi estruturado para ser um espaço de referência, nutrindo o trade com informações e dados econômicos, conteúdo sobre gestão, pesquisas exclusivas e relatórios com tendências de mercado. A plataforma disponibiliza conteúdo técnico e uma curadoria diária de notícias e estudos de caso, além de oferecer uma análise de dados macroeconômicos nos formatos de texto e áudio semanalmente. Há mentorias quinzenais e eventos mensais, como a Arena Food Co., um evento online com a presença de um grande empresário do setor. A comunidade do Food Co. reúne mais de 13 mil donos de restaurantes e disponibiliza cerca de 40 grupos no WhatsApp exclusivos para os empresários, um espaço de networking e aprendizado, em que podem trocar diariamente suas experiências.
Mais recente na estrutura da Pinó está a Content Store, agência de criação de conteúdo, ainda em estágio embrionário. A unidade atenderá tanto clientes internos quanto externos, com a expertise do jornal desenvolvida ao longo de 100 anos. Esta é outra maneira inovar com os ativos internos: usar os mesmos conhecimentos para oferecer um novo serviço.
Se o desafio de se manter sólido e atuante em um mercado que muda a cada minuto é se atualizar e lançar mão de ferramentas que os dias atuais nos apresentam, nós topamos o desafio. Estar atento ao que clientes reais e potenciais procuram e não encontram é, provavelmente, o primeiro passo para esse tipo de inovação. É nessa estrada que pretendemos caminhar. Os primeiros resultados mostram que estamos na trilha certa.
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