A primeira bolha financeira registrada na história foi a das tulipas, na Holanda.| Foto: Tobías Ayala/Pixabay
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Psicose é um transtorno mental que faz o indivíduo perder o contato com a realidade e ter dificuldade de distinguir entre é o que é real e o que é mero produto de sua mente, levando-o a apresentar delírios, além de pensamentos e comportamentos ilógicos e incoerentes.

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No ano de 1841, o jornalista escocês Charles Mackay escreveu um livro intitulado Ilusões Populares e a Loucura das Massas, que se tornou um clássico no estudo psicológico dos mercados e do comportamento irracional das pessoas quando agem como rebanho.

O livro trata de alguns exemplos famosos de especulação financeira e, embora seja uma obra de 1841, ele tem algo a nos ensinar sobre especulação, pois naquele tempo já haviam ocorrido algumas loucuras coletivas em bolhas financeiras.

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Segundo o autor, ao agir de forma irracional, numa espécie de delírio econômico coletivo, as multidões podem jogar os preços de determinado produto ou ativo para cima, cujo desfecho em geral é uma queda espetacular.

Um elemento típico de bolhas é a explosão da demanda que provoca elevações exageradas dos preços, até o dia em que a onda estoura, os preços despencam e a multidão perde fortunas

Bolha é evento que ocorre quando os preços sobem além do normal em resposta a uma onda de especulação coletiva. Um elemento típico de bolhas financeiras é a explosão da demanda que provoca elevações exageradas dos preços, até o dia em que a onda estoura, os preços despencam e a multidão perde fortunas.

A história das bolhas financeiras começou em 1630 com as tulipas holandesas, que se tornaram mania entre os ricos da Holanda e da Alemanha e, em seguida, passaram a ser objeto de desejo em toda a Europa. A mania se espalhou pela classe média na Holanda; as pessoas ficaram obcecadas pelas tulipas – que passaram a ser negociadas na Bolsa de Amsterdã –, a demanda explodiu e os preços dispararam. Um dia, a paixão das massas diminuiu, o movimento se inverteu, os preços despencaram e a multidão de investidores viu seu dinheiro sumir.

O livro de Mackay relata algumas bolhas de sua época e se dedica a explicar o comportamento irracional das massas. Trazendo o exemplo para os tempos atuais, temos o estouro da bolha da internet, em março de 2000. O mundo se encantara exageradamente com as empresas da internet, levando uma legião de investidores a comprar as ações de tais empresas de maneira frenética. Os preços das ações dispararam até que, diante dos maus resultados das empresas, a bolha estourou e milhões perderam suas poupanças.

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Quando a multidão começa a querer demais uma coisa, o preço dessa coisa sobe e atinge níveis absurdos, até o momento em que a lógica do mercado traz a realidade de volta, os preços caem e muitos perdem dinheiro.

Em Ilusões Populares e a Loucura das Massas, Charles Mackay alertava que o instinto de rebanho conduz multidões a tomarem decisões sem reflexão e sem conhecimento, simplesmente seguindo a massa.

No mundo dos investimentos, como diz Warren Buffett, “o risco vem de não saber o que você está fazendo”. Aí é onde o perigo começa, pois o acerto ou o erro na decisão passa a depender apenas da sorte.

A onda da vez agora são os criptoativos (que eu não chamo de “criptomoedas”, porque não cumprem as funções essenciais de moeda). Primeiro, é preciso notar que os criptoativos existentes contam-se às centenas, dos quais o maior e mais famoso é o bitcoin.

Os criptoativos devem passar pelo processo de criação, evolução, falhas, quebras e êxitos até o mundo experimentar o crescimento da moeda descentralizada, fora do âmbito governamental

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A ideia da desestatização do dinheiro é antiga e tem como um de seus luminares o filósofo e economista Friedrich Hayek (1899-1992), cujo livro sobre o assunto, intitulado Desestatização do Dinheiro: Uma análise da teoria e prática das moedas simultâneas, foi publicado nos anos 1970 e é leitura recomendada.

Os criptoativos devem passar pelo mesmo processo de criação, evolução, falhas de uns, quebra de outros, êxito de outros tantos, até o mundo experimentar o crescimento da moeda descentralizada, fora do âmbito governamental. Nesta fase de depuração, muitos criptoativos vão desaparecer, até que alguns se consolidem como opção de investimento.

Quem quiser participar da onda deve ler, estudar, informar-se e decidir com um mínimo de conhecimento. Essa é a recomendação. Alguém já disse que, se você acha que a educação é muito cara, deveria experimentar a ignorância.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]