O engenheiro e inventor Nikola Tesla, em foto de 1896.| Foto: Autor desconhecido/Domínio público
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O título deste comentário é uma provocação; uma provocação boa. Comecemos com o seguinte: os dois problemas sociais mais graves do Brasil – e também do mundo – são o desemprego e a pobreza, e ambos estão relacionados.

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A população mundial era de 370 milhões de habitantes em 1350; somente em 1830 atingiu 1 bilhão. A partir daí, foram necessários apenas 193 anos desde 1830 para sairmos de 1 bilhão para 8,1 bilhões de habitantes em 2023.

Embora o progresso mundial tenha se acelerado, a economia global tem dificuldade de gerar emprego para toda a população em idade de trabalhar. Uma das razões é que, embora fundamental para promover o crescimento, a tecnologia elimina muitos empregos.

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Inicialmente, as máquinas substituíram o homem em várias tarefas produtivas, processo que foi acelerado após a invenção da prensa de tipos móveis pelo alemão Johannes Gutenberg, em 1450; e, principalmente, após a máquina a vapor projetada pelo inglês Thomas Newcomen, em 1712, para uso nas minas de carvão e na movimentação de água e cargas mais pesadas.

Conhecer o passado é pré-requisito para entender o presente. Muitas vezes, os princípios e as leis que nos governam hoje têm raízes em um passado muito distante

Em palestra sobre o desenvolvimento que o capitalismo teve na sequência do renascimento ocorrido a partir dos anos 1300, perguntaram-me o que eu estava lendo e estudando. Com certa ironia, respondi que tenho conversado mais com os mortos do que com os vivos.

Atualmente, tenho dado prioridade à leitura de autores já falecidos, principalmente os clássicos da filosofia, economia, sociologia, história e ciência política. Também tenho lido biografias de grandes gênios que já deixaram esta vida, tanto os bons quanto os maus.

O mundo e seus fatos resultam do processo histórico, de modo que toda ocorrência em nossa vida pessoal, sobretudo em termos de cultura e economia, tem causas no passado e nos feitos das gerações que nos antecederam desde há muito tempo.

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Conhecer o passado é pré-requisito para entender o presente. Muitas vezes, os princípios e as leis que nos governam hoje têm raízes em um passado muito distante. Vou me referir a dois homens geniais, cuja obra governa nossas vidas até hoje, mesmo que não saibamos.

O primeiro é Aristóteles (384-322 a.C.), cuja obra é vasta e influente no mundo moderno. Por exemplo, Aristóteles nos legou a lógica, que organizou o discurso e o método científico. A lógica de Aristóteles contida na teoria do argumento é estrutura obrigatória do diálogo e na confrontação de hipóteses.

A lógica trata de argumentos e conclusões, e apresenta métodos capazes de identificar os argumentos logicamente válidos e os que não são logicamente válidos. O argumento é uma conclusão derivada de premissas. Sem premissa não há conclusão, apenas uma opinião.

Quando argumentamos, emitimos uma afirmação ou uma negação submetida a dois critérios: o de verdade e o de correção. Do substantivo “verdade” originam-se os adjetivos “verdadeiro” e “falso”. Do substantivo “correção” originam-se os adjetivos “correto” e “incorreto”.

Vale mencionar que verdadeiro e correto não são sinônimos. Uma declaração afirmativa ou negativa pode ser formalmente correta e não ser verdadeira. Um argumento é formalmente correto se ele deriva logicamente das premissas, mas pode ser que não haja evidências que validem suas premissas.

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Alguns dos feitos do gênio de Nikola Tesla fizeram do mundo o que ele é hoje

O segundo gênio que cito é Nikola Tesla (1856-1943). Quando me perguntam qual o maior gênio que passou pela história da humanidade, digo que é difícil afirmar com precisão quem seria, mas, se fosse obrigado a escolher, meu voto iria para Nikola Tesla.

Alguns dos feitos do gênio de Tesla fizeram do mundo o que ele é hoje. Um deles é a corrente alternada: Tesla desenvolveu o sistema polifásico de distribuição de energia elétrica, que permitiu transmitir grandes quantidades de energia a longas distâncias. A corrente alternada é o padrão mundial para distribuição de eletricidade. A bobina de Tesla, inventada em 1891, emite fluxos de energia elétrica e é usada em aparelhos de rádio, televisão e outros equipamentos eletrônicos. O teleautômato é um barco controlado por ondas de rádio, que se tornou a base para o controle remoto, a robótica e os drones. 

A turbina de Tesla, desenvolvida em 1913, não tem pás e é usada em pesquisas de biomedicina e energia eólica. Tesla também foi um dos responsáveis pela criação da primeira imagem de raio-X nas Américas e em outras partes. Ele ainda desenvolveu o motor de indução elétrica e, embora as lâmpadas fluorescentes já existissem, Tesla as aperfeiçoou e as melhorou sensivelmente.

Uma história intrigante é o caso do rádio. Em 1895, um incêndio destruiu o laboratório de Tesla quando ele estava finalizando testes de uma transmissão sem fio. No ano seguinte, 1896, o italiano Guglielmo Marconi desenvolveu um sistema sem fio bastante parecido com a invenção de Tesla.

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Embora em 1900 Tesla tenha conseguido a patente da invenção do rádio, Marconi conseguiu realizar a primeira transmissão transatlântica de rádio em 1901, usando algumas invenções de Tesla. Em 1904, o órgão registrador reverteu a patente do rádio e a deu para Marconi, que recebeu um Prêmio Nobel em 1911 pela invenção. Marconi foi processado por Nikola Tesla e a questão se arrastou nos tribunais até 1943, pouco depois da morte deste último. Foi somente aí que a Suprema Corte dos Estados Unidos reconheceu Tesla como inventor do sistema de transmissão via rádio.

Penso que os cinco maiores gênios da história foram Aristóteles, Isaac Newton, Albert Einstein, Leonardo da Vinci e Nikola Tesla, aos quais a humanidade muito deve. Mas isso é assunto para outro artigo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]