A população mundial era de 200 milhões quando Jesus Cristo andou por aqui. Foram necessários 1.830 anos para o mundo atingir a marca de 1 bilhão de habitantes, época em que explodia a Revolução Industrial na esteira da invenção da máquina a vapor e, com ela, a estrada de ferro, o trem de ferro e o navio a vapor.
Entre 1860 e 1900, veio a exuberante segunda onda tecnológica, marcada pela invenção do motor a combustão interna, a indústria do petróleo, a água tratada encanada e a eletricidade. Com isso, o mundo experimentou um robusto aumento da produtividade por hora de trabalho.
Com efeito, a eletricidade foi e é até hoje a causa maior e mais importante de aumento da produtividade, nunca superada. O crescimento econômico no fim do século 19 e início do século 20 resultou em vasta lista de invenções e inovações, como o telefone, o rádio, o cinema, o antibiótico, o microscópio eletrônico, o avião e muitas outras.
Em 1930, apenas 100 anos depois, a população atingiu 2 bilhões. Em 1960, apenas 30 anos depois, o mundo bateu os 3 bilhões de habitantes. Viramos o milênio, no ano 2000, com 6,3 bilhões e, neste ano de 2024, a população mundial está em 8,2 bilhões.
Para a população não aumentar nem diminuir, é preciso que o número médio de filhos por mulher seja de 2,1. O Brasil tem hoje 1,6 filho por mulher e, em 2040, essa média deve cair para 1,3 filho
Até 2050, o mundo deve se aproximar de 9,4 bilhões de habitantes. Porém, as previsões indicam que no fim deste século a população mundial terá retrocedido para algo em torno de 4,7 bilhões – lembremos que faltam apenas 76 anos para o ano 2100.
Cálculos especializados informam que, para a população não aumentar nem diminuir, é preciso que o número médio de filhos por mulher seja de 2,1. O Brasil tem hoje 1,6 filho por mulher e, em 2040, essa média deve cair para 1,3 filho, tendência que pode levar nossa população a sair dos atuais 204 milhões para 154 milhões em 2100 – portanto, uma diminuição de 50 milhões de habitantes.
Essa tendência é mundial. A China, com seus 1,4 bilhão de habitantes, teve sua população reduzida em 1 milhão de pessoas em 2022 e perdeu mais 2 milhões em 2023, em razão da política de filho único implantada em 1981 para conter a explosão populacional.
O problema demográfico na China é complexo. Mesmo com o governo liberando e incentivando os casais a terem filhos, os chineses estão tendo poucos filhos. O filho único tornou-se uma questão cultural e, a persistir a tendência, a população da China pode cair à metade em 2100. Outro caso extremo é a Coreia do Sul, onde a média de filhos por mulher é 0,78. Por essa média, em 200 anos não haverá mais população coreana.
A Organização das Nações Unidas (ONU) andou divulgando que 23 países da Europa podem chegar a 2100 com a população reduzida pela metade. De qualquer forma, uma coisa é certa: as mulheres do mundo estão tendo menos filhos. De saída, acredita-se que algumas causas da redução do número de filhos por mulher são as seguintes: 1. desde os anos 1960, as mulheres vêm adentrando o mercado de trabalho em massa, seja para realização pessoal, independência individual ou por necessidade financeira; 2. as mulheres que têm emprego regular remunerado passaram a ter menos filhos que as gerações anteriores, até pelo desafio de conciliar o trabalho e a vida familiar; 3. os custos com moradia, educação e saúde se tornaram altos e se tornaram motivo para a decisão de ter menos filhos; 4. grande parte das famílias que vivem nas cidades mora em casas ou apartamentos pequenos, onde não cabem muitos filhos; 5. por volta de 2050, 70% da população mundial estará vivendo nas cidades e, historicamente, a média de filhos por mulher nas cidades tem sido menor que na zona rural; 6. a insegurança no emprego tem assustado o mundo inteiro, sobretudo pelo potencial da atual revolução tecnológica em eliminar empregos; 7. elevada parcela dos casamentos acaba em divórcio, muitas vezes logo após o primeiro ou segundo filho e, mesmo recasando, muitas mulheres não têm mais filhos; 8. a maternidade não é mais um dogma nem uma obrigação religiosa e cultural.
O problema está posto, suas causas são complexas e a discussão continua, pois ninguém tem todas as respostas para suas causas nem para as consequências.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS