Na virada do milênio (portanto, há 22 anos), surgiu uma onda dizendo que a rapidez das inovações tecnológicas mudaria a forma como as empresas iriam competir no mercado. A disputa não seria mais entre o grande e o pequeno, mas entre o mais rápido é o mais lento. Ou seja, sua empresa seria engolida pelos concorrentes que fossem mais ágeis e mais rápidos na incorporação das novas tecnologias produtivas e, também, novas tecnologias gerenciais.
No momento em que o mundo atinge 8 bilhões de habitantes (segundo dados da ONU deste mês de novembro), na esteira da maior pandemia global e em meio a uma complicada guerra entre Rússia e Ucrânia, a chamada “Revolução Tecnológica 4.0” está provocando grande turbilhão de mudanças e inovações das quais ninguém escapará. Mas o que isso significa de fato?
Buckminster Fuller (1895-1983), arquiteto e um gênio inventor, dizia que a diferença entre o cérebro humano e a mente humana é que o cérebro vê os objetos tangíveis, e o que não é tangível nem perceptível aos olhos somente pode ser visto com a mente, ao que ele acrescentou: “Você não pode desviar-se de coisas que não vê movendo em sua direção”.
A chamada “Revolução Tecnológica 4.0” está provocando grande turbilhão de mudanças e inovações das quais ninguém escapará. Mas o que isso significa de fato?
Aqui entra o problema das adaptações no mundo corporativo, sejam as empresas grandes ou pequenas, e no mundo do trabalho em todos os níveis e profissões. Lembro de uma fábula jocosa sobre o engessamento da burocracia empresarial que, de forma bem-humorada, alertava para a necessidade de inovação também na tecnologia de administração.
Um bebê foi encontrado na porta da empresa ao amanhecer. Ao tomar conhecimento do fato, o diretor emitiu o seguinte memorando:
De: Diretor Geral
Para: Gerência de Recursos Humanos
Acusamos o recebimento de um recém-nascido de origem desconhecida. Formem uma comissão para investigar: a) se o recém-nascido é produto doméstico da empresa; b) se algum funcionário está envolvido com o assunto.
Assinado: Fulano de Tal – Diretor Geral
Após um mês de investigação, a comissão emitiu o parecer e enviou ao diretor, com a seguinte mensagem:
De: Gerência de Recursos Humanos
Para: Diretor Geral
Depois de quatro semanas de investigação e análise, concluímos que o bebê não pode ser produto desta empresa, pelos seguintes motivos:
1. Em nossa empresa nunca foi feito nada com prazer ou amor.
2. Em nossa empresa jamais duas pessoas colaboraram tão intimamente entre si.
3. Aqui nunca foi feito nada que tivesse pé nem cabeça.
4. Em nossa empresa jamais foi feita alguma coisa que ficasse pronta em nove meses.
Assinado: Fulano de Tal – Diretor de Recursos Humanos
Essa é a realidade de milhões de empresas, nas quais a burocracia e a lentidão representam baixa eficiência e um comodismo sonolento, constituindo desafio quanto à necessidade de enfrentar as mudanças, modernizar os processos e elevar a qualidade, sem o que a sobrevivência empresarial fica ameaçada.
Empresa é um agente que destrói riquezas e cria riquezas. Ela destrói fatores de produção (recursos naturais, capital e trabalho) e cria produtos (bens e serviços). Se o valor que ela cria, expresso em valores monetários, for maior que o valor dos fatores usados no processo produtivo (custos), a empresa é agregadora de valor. Do contrário, se os custos forem maiores, ela cria riqueza menor que a riqueza que destrói, isto é, desagrega valor.
Para cumprir a função de “valorar” a atividade da empresa, os preços têm de ser livres e refletir a vontade e o julgamento dos consumidores. Em regime de concorrência, a empresa é mera aceitadora de preço, pois o consumidor tem a opção de adquirir o produto de outros fornecedores. Regime concorrencial é isto: muitos produtores e muitos compradores.
A humanidade está numa encruzilhada: ou age de forma a sobreviver saudavelmente ou maltrata esta casa chamada Terra até o ponto de comprometer a qualidade da vida de todos os seres vivos
O principal desafio da administração é situar a empresa na modernidade para que ela consiga, competindo com outras e sem protecionismo, obter eficiência e produtividade que lhe permitam sobreviver com lucros ao tempo em que satisfaz os consumidores. Porém, isso não basta. A onda agora é inovar para caminhar rumo ao ESG (ou ASG, em português: ambiente, social, governança).
Respeito ao meio ambiente, preocupação com os problemas sociais e obediência aos princípios da boa governança são exigências que tomaram corpo e não são uma moda passageira; são imposição do desafio sobre como prover alimentação e vida digna aos 8 bilhões de seres humanos que habitam este mundo.
Nunca é demais recordar que apenas 190 anos atrás nosso planeta era habitado por 1 bilhão de pessoas. Atualmente, com população de 8 bilhões e recursos naturais esgotáveis, a humanidade está numa encruzilhada: ou age de forma a sobreviver saudavelmente ou maltrata esta casa chamada Terra até o ponto de comprometer a qualidade da vida de todos os seres vivos. Nesse ponto, nem o fanatismo ambiental nem a omissão cega contribuem para as soluções requeridas.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS