A vida política brasileira, tal como ela é exercida hoje pelo governo e seus sistemas de suporte, está em estado de coma – não reage mais aos estímulos vitais do raciocínio lógico e da observação objetiva dos fatos. O resultado é uma descida cada vez mais irreversível para a inconsciência. Ou seja: a realidade é uma, mas eles não conseguem perceber mais, convencidos que o Brasil é a miragem que têm nas suas cabeças. Nada deixou isso tão claro, nestes últimos tempos, quanto o que aconteceu ao mesmo tempo em São Paulo e em Brasília neste dia 7 de setembro.
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O governo, os militares e o STF decidiram, fiéis à sua estratégia de governar o Brasil através de desejos, dar uma demonstração de força popular para enfrentar no mano a mano as manifestações de massa na Avenida Paulista no 7 de setembro, onde se pediu anistia e o impeachment de Alexandre de Moraes. Se não estivessem em estado de coma, induzido por eles próprios, saberiam muito bem que a disputa era um jogo de Real Madrid contra o Bonsucesso – obviamente não poderiam ganhar, pelo fato concreto e provado de que não têm força popular nenhuma. Como você vai entrar numa disputa para ver quem leva mais povo à praça pública, quando é sabido que o presidente da República não pode andar 100 metros numa rua do seu próprio país?
Foi impossível ocultar que o “ato lulista” (se um é “bolsonarista”, o outro tem de ser “lulista”) foi um fracasso miserável. A imagem que ficou foi a de Lula e de Alexandre de Moraes na primeira fila do palanque – e um retrato de que “o governo somos nós dois”
Não dá, mas o governo Lula continua convencido de que a vida real é o que aparece nos telejornais e na maioria da mídia que hoje serve como serviço de propaganda oficial. Ficou feliz, então, e convencido de que tinha dado uma tremenda boa dentro, ao ver a TV e ler o noticiário geral. Viu, leu e ouviu, ali, que a manifestação de rua em São Paulo foi apenas mais uma aglomeração de “bolsonaristas”. Em seus cálculos, havia “menos gente” que na última vez. Bolsonaro estava “frustrado”, “mal-humorado” e “infeliz” em seu discurso. Denunciou-se, com escandalizada indignação, que os manifestantes defendiam a anistia para “atos golpistas” – e por aí afora. Em suma: a manifestação foi um fracasso, enquanto Lula demonstrou no desfile da Independência em Brasília a “união” entre governo e STF e a sua “decisão” de enfrentar o “golpismo”.
É perfeitamente inútil, mais uma vez, o esforço geral para derrotar o “bolsonarismo” publicando cálculos negacionistas – havia uma multidão, também mais uma vez, e é isso o que realmente importa. Escondem ou tentam desbotar as imagens, como de costume, mas isso não diminui o número real de manifestantes na Paulista, nem o fato de que não houve, mais uma vez, uma única ocorrência policial.
Já em Brasília, deu-se o exato oposto: foi impossível ocultar que o “ato lulista” (se um é “bolsonarista”, o outro tem de ser “lulista”) foi um fracasso miserável. A imagem que ficou foi a de Lula e de Alexandre de Moraes na primeira fila do palanque – e um retrato de que “o governo somos nós dois”.
O desfile Lula-Moraes do 7 de setembro teve tanque de guerra, míssil, tropa marchando. Teve o bando de puxa-sacos, parasitas e ladrões de sempre disputando lugar na foto. Teve 5.000 policiais para reprimir qualquer protesto. Mas não teve povo – havia menos gente, na verdade, do que polícia. Não teve nem Janja. A primeira-dama resolver comemorar o Dia da Independência num passeio ao Catar, uma das ditaduras mais patéticas do mundo. Depois de tudo, ainda houve um churrasco para se elogiarem uns dos outros – com a particularidade de que cada centavo gasto para encher o bucho desses magnatas todos veio diretamente do bolso do pagador de impostos.
Este sistema não está respondendo. A cada dia demonstra em público que Lula foi posto na Presidência da República pelo STF e pelos militares. O povo brasileiro está cada vez mais longe.
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