A eleição presidencial de 2022 ainda está longe, e tentativas de adivinhar hoje o que vai acontecer daqui a dois anos são ótimas candidatas a quebrarem a cara. Apesar dessas evidências, o noticiário político está carregado de previsões sobre quem está ganhando e quem está perdendo. Tudo bem: eleição é assim mesmo, com muita fumaça e pouco fogo até a hora em que as coisas começam a ficar sérias de verdade. Não adianta brigar com isso.
Imagina-se, no momento, que as vacinas contra a Covid – a “vacina do Doria” de um lado do ringue, e a “vacina do Bolsonaro” no canto oposto – vão ser a chave de tudo. Ganha a eleição quem der ao eleitorado a impressão de que vacinou mais que o outro, ou que a sua vacina “pegou mais” que a do inimigo, e outros despropósitos da mesma ordem.
É um retrato da qualidade miserável em que afundou o debate político no Brasil nos dias de hoje. Não há a mais remota possibilidade de se debater com seriedade as questões reais que a sociedade brasileira tem pela frente. É o bom encaminhamento que se der a elas, para começo de conversa, que vai determinar a eficácia da vacinação e de qualquer outra decisão do poder público.
Mas o que se tem no momento é uma operação de marketing para um lado fazer melhor figura que o outro junto aos eleitores – e uma briga de foice entre dois políticos que estavam juntos dois anos atrás, e são agora inimigos de morte por razões que não têm absolutamente nada a ver com nenhum princípio.
Nenhum país bem sucedido do mundo, em termos de vacinação, está fazendo nada remotamente parecido com o que se faz hoje no Brasil. Alguém já imaginou na Inglaterra, por exemplo, faixas, discurseira de político e propaganda grosseira sobre a vacina? Tipo: “A Rainha, o Duque de Edimburgo e você só estão tomando esta vacina porque o Governo resolveu tudo, e a oposição não fez nada”. Não dá mesmo para imaginar.
Além da palhaçada, da vigarice e da perversidade de se transformar um desastroso problema de saúde pública em briga política pessoal, a guerra das vacinas ainda não provou nada – nem qual o seu exato efeito sobre a evolução da epidemia e, muito menos, qual o peso que a vacinação de hoje terá em 2022. Quais as lembranças que ainda estarão de pé, daqui a dois anos? É isso o que vai realmente contar, no fim de todas as contas.
-
Discurso populista é o último refúgio para Lula recuperar popularidade
-
Reforma tributária pressiona motoristas e entregadores de aplicativos para formalização no MEI
-
Nova renegociação de dívidas estaduais só é boa para gastadores e estatizantes
-
Consolidação da direita em Santa Catarina atrai jovens que fortalecem os partidos
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS