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J.R. Guzzo

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Anistia

Não à anistia: a vingança da esquerda disfarçada de “defesa da democracia”

Cartaz empunhado por participantes de manifestação pede liberdade e anistia aos presos do 8 de Janeiro. (Foto: João Pequeno)

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De todas as taras políticas que conduzem a política brasileira de hoje – e olhem que nunca houve tanta tara junta no mesmo momento –, uma das mais neuróticas é a guerra de Lula, do PT e da esquerda contra a anistia. Historicamente, e em condições mais ou menos normais do ponto de vista mental, as pessoas e organizações só se mobilizam em favor de anistias. No Brasil de Lula é o exato contrário – eles conseguiram montar uma cruzada colérica contra a anistia. Negam a possibilidade de qualquer tipo de concórdia. Não abrem mão da vingança – e chamam isso de “defesa da democracia”.

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É, sem dúvida, um dos momentos mais baixos na história da esquerda nacional. Sua posição não é apenas um monumento ao ódio. É, talvez pior ainda do que isso, um grave distúrbio cognitivo. A anistia aos presos do “8 de janeiro” é muito mais que um gesto de perdão: é a solução para eliminar a maior infâmia já cometida pelo Sistema de Justiça do Brasil, com suas histéricas condenações a pobres coitados que fizeram um quebra-quebra em Brasília e estão sendo punidos pelo crime de “golpe de Estado”. Mais ainda: estão sendo punidos por “golpe de Estado” e “abolição violenta do Estado de Direito” ao mesmo tempo, como se alguém fosse capaz de fazer uma coisa dessas.

Não aceitam, de jeito nenhum, desfazer a injustiça que está sendo cometida contra o cidadão comum. Esse cidadão arrasou a esquerda na última eleição. É hoje a grande assombração para Lula e o seu consórcio

A anistia em discussão na Câmara dos Deputados, na verdade, nem é uma anistia no sentido correto dessa palavra. Anistia é perdão para crimes que foram cometidos, e na baderna do “8 de janeiro” os baderneiros não cometeram o crime de golpe de Estado que lhes é imputado. No caso, o que está sendo solicitado é um perdão para quem não pecou. É a correção de um absurdo judicial, e não uma ação política. No fundo, é a maneira mais eficaz e mais discreta de consertar o erro do Supremo nesses processos que ficarão para sempre como uma vergonha para a Justiça brasileira. Mas nem isso eles aceitam. Ao contrário, ao combater a anistia, fazem questão de deixar essa vergonha em exibição pública.

Afirmar, numa sentença da mais alta corte de Justiça do Brasil, que estilingues e bolas de gude são armas usadas para dar um “gole de Estado”, é ou não é uma vergonha? Foi o que fez o ministro Alexandre de Moraes em sua última bateria de condenações. E que tal dizer, como fez o mesmo ministro, que um tubo de batom é uma arma que contém “substância inflamável”? É ou não é uma vergonha condenar a até 17 anos de prisão uma multidão de motoboys, barbeiros, encanadores, vendedores ambulantes ou manicures – como se fosse possível, materialmente, essa gente derrotar o Exército Brasileiro e derrubar o “governo democrático” de Lula.

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A anistia serviria para conduzir ao esquecimento essa coleção de decisões doentes. Também serviria, além de dar liberdade a inocentes, para anistiar os próprios ministros que tiveram a responsabilidade por elas. Mas não – querem transformar atos juridicamente monstruosos num poema da “democracia”. Não há, entre as vítimas do STF, nenhuma pessoa, mas nenhuma mesmo, que tenha dinheiro, influência ou posição social. Ninguém ali é de qualquer tipo de elite.

São todos simples, humildes, sem relações com gente importante, sem advogados caros – um retrato, em suma, do sujeito que vive nas castas inferiores da sociedade brasileira. São eles, justamente, os inimigos mais odiados por Lula, pelo PT e pela esquerda. Podem conversar até com Jair Bolsonaro. Mas não aceitam, de jeito nenhum, desfazer a injustiça que está sendo cometida contra o cidadão comum. Esse cidadão arrasou a esquerda na última eleição. É hoje a grande assombração para Lula e o seu consórcio.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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