O público brasileiro, pelo noticiário que lhe foi servido nos meios de comunicação, ficou sabendo que o presidente Jair Bolsonaro foi ao interior do Piauí e da Bahia, na primeira viagem que fez após ter se recuperado da Covid, onde realizou uma série de atividades – ou, mais exatamente, foi acusado de praticar os seguintes atos:
- Causou aglomeração de gente com a sua presença em praça pública, onde compareceu para inaugurar novos serviços de fornecimento de água — que ficam, justamente, em praça pública e, em consequência disso, não podiam ser inaugurados num espaço fechado.
- Retirou a máscara na hora de falar ao público de cima de um palanque, presumivelmente para que as pessoas pudessem entender o que estava dizendo.
- Montou num cavalo e acenou para os “apoiadores”, como se diz hoje, que estavam presentes. Neste caso, não houve nenhuma denúncia específica, contra ele ou contra o cavalo, de que um dos dois estivesse ameaçando a saúde pública; o gesto foi apenas incluído no pacote geral.
Tudo isso pode ser interessante, mas nada foi publicado sobre a questão que realmente vem ao caso: como está neste momento a cotação política de Bolsonaro no Nordeste, onde os institutos de pesquisa acham que fica o seu ponto eleitoralmente mais fraco — e, ao contrário, o ponto mais forte do ex-presidente Lula e da “oposição”? Na verdade, pode ser a questão mais relevante no momento no território eleitoral.
Bolsonaro tem ido repetidamente ao Nordeste e, pelas imagens disponíveis, vem sendo recebido por muita gente e com aplausos. Os R$ 600 do auxílio de emergência em função da Covid, como indicam as realidades da vida política na região, podem estar tendo um efeito pró-governo; estão tendo mesmo? E se estiverem, qual é a sua potência? Equivalente à que o Bolsa Família teve para Lula? Mais, por que se trata de muito mais dinheiro? Menos?
Outra coisa: as visitas constantes da ministra Damares Alves ao Nordeste , onde ela cumpre regularmente o circuito evangélico-gente-pobre-mães de família, está influindo na posição eleitoral do presidente? Quem está mais presente na região: Bolsonaro e o governo ou o consórcio Fernando Haddad—Luciano Huck—Arminio Fraga—Sergio Moro—Rodrigo Maia—PT—empreiteiros de obras públicas—banqueiros progressistas—sociólogos—artistas de novela—etc. que forma hoje a oposição no Brasil? Não estaria na hora de aparecerem alguns números a respeito disso tudo? Não dá para saber.
Em compensação, o brasileiro será abastecido com o máximo de informação sobre as aglomerações que Bolsonaro está provocando no Nordeste.
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