Presidente Jair Bolsonaro cumprimentou manifestantes dos atos de domingo na área externa do Palácio do Planalto, em Brasília.| Foto: José Cruz/Agência Brasil
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Às vezes, francamente, a gente fica com a impressão de que os inimigos do presidente Jair Bolsonaro estão cada vez mais empenhados em garantir a sua reeleição nas eleições presidenciais de 2022. Não é o que querem, é claro, mas é o que acabam fazendo na prática em seus atos do dia a dia. Bolsonaro, como sabem até as crianças de 10 anos de idade, cresce e prospera, acima de tudo, em situações em que o colocam sob o fogo de artilharia pesada. É aí que ele realmente brilha.

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É óbvio: de um lado está um bando de políticos de quinta categoria, uma mídia na qual o público acredita cada vez menos e detesta cada vez mais, e os grandes interessados em manter o Brasil aprisionado no atraso. Do outro lado está o cavaleiro solitário que tem o peito de enfrentar todos eles. Tanto faz se isso corresponde ou não à realidade dos fatos. É isso, e só isso, que a maioria da população, como ficou contabilizado nas eleições de 2018, tem a certeza de que está acontecendo. Resultado: quanto mais batem, mais ele encorpa.

Não seria o caso, então, de pensar em alguma outra estratégia? Em vez de se entregar, praticamente todo dia, a acessos de cólera cada vez menos equilibrados contra o presidente, não seria talvez o caso de fazer alguma coisa séria para tirar dele o palco permanente que estão lhe dando de graça? É pouco provável, obviamente, que Bolsonaro colabore com o inimigo e aceite, como um bom moço, ir para a geladeira – ele, que precisa do calor de 40 graus para ser politicamente viável. Estará, de um jeito ou de outro, fazendo coisas para manter-se no centro das atenções. Mas aí, pelo menos, o trabalho será dele. Do jeito que está, a oposição se encarrega de fazer esse esforço em seu lugar.

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O “domingo do coronavírus” foi um clássico no gênero. As manifestações de protesto originalmente voltadas contra o Congresso — e que Bolsonaro encampou como sendo a favor do seu governo — poderiam ter levado recordes de público às ruas de todo o Brasil. Com o clima antivírus e os esforços gerais para se reduzir os riscos de contágio, seus inimigos ganharam um belíssimo presente – as manifestações foram uma fração do que poderiam ter sido. Era só deixar quieto. Mas o que a oposição faz? Justamente na hora em que o chope do presidente fica aguado, saem de pau em cima dele porque foi cumprimentar, fazer selfies, etc, com grupos que, apesar da epidemia, foram saudá-lo na porta do palácio. Pronto: Bolsonaro, inteiramente sem custo, vira a figura central da história toda.

O presidente passou a imagem do homem que tem coragem de ir onde o povo está, num momento de perigo, enquanto os adversários se escondem pelos cantos. Os bolsonaristas vibram. Ele não perde um voto. Os outros não ganham nada. Aí, para completar a obra prima, entram com um pedido de “impeachment”. E quem apresenta o pedido? O ator Alexandre Frota. É uma piada cinco estrelas; um pedido como esse desmoralizaria o impeachment de Idi Amin. Bolsonaro, desse jeito, vai ter de fazer muita força para perder.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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