O ministro Fernando Haddad fica aborrecido quando é chamado de Taxad, o que só o torna mais Taxad ainda – sempre que alguém resolve brigar com um apelido, é coisa líquida e certa que o apelido vai pegar de vez. Depois de um parto de elefante, daqueles que não acabam mais, nosso ministro da Fazenda anunciou, enfim, o seu pacote de “cortes nos gastos do governo”. Mas em vez de cortar algum gasto do governo, o que ele fez foi aumentar impostos. Falou em algumas intenções moles de reduzir isso ou aquilo – coisas incertas, não sabidas e que ficam geralmente no mundo da contabilidade criativa. No mundo das coisas reais, o que veio mesmo foi mais imposto; eles já mostraram até a nova tabela.
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Como não ser Taxad, se a única coisa que Haddad sabe fazer na vida é taxar? Foi anunciada, é verdade, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês – enfim um ato de justiça, de lógica e de senso moral dos gatos gordos da burocracia federal. Como alguém que ganha isso, apenas o suficiente para não morrer de fome, pode pagar imposto de renda? Desde quando, em qualquer pensamento racional, R$ 5.000 pode ser definido como “renda”?
A única saída do Brasil é baixar o imposto e cortar o gasto – e ninguém está falando aqui de cortar despesa com aposentadoria, hospital e escola. Não precisa cortar nada em nada disso – embora seja indispensável gastar melhor para atender melhor
Tão óbvia quanto essa constatação, porém, é a necessidade de cortar gastos públicos para cobrir a queda na arrecadação que virá com o aumento da isenção no IR. Em vez disso, o que faz o governo? Aumenta o IR para quem ganha mais – e que já está pagando impostos que não fazem nexo num país tão subdesenvolvido como o Brasil.
O ministro diz que as suas novas alíquotas são compatíveis com os níveis “internacionais”. E que diabo o cidadão brasileiro tem a ver com as alíquotas internacionais, se ele tem de viver, dia e noite, nas condições nacionais? Haddad imagina que o Brasil deve pagar impostos de Suécia. Mas o Brasil não é a Suécia – aqui o trabalhador não ganha o que se ganha na Suécia, não tem o serviço público da Suécia, não sabe nem que existe a Suécia. Imposto alto só faz sentido em país que já é rico – existe zero possibilidade de ser diferente. O Brasil é um país pobre. Aumentar imposto, aqui, é continuar o suicídio permanente de uma economia que há 50 anos está afundada na mediocridade.
A única saída do Brasil é baixar o imposto e cortar o gasto – e ninguém está falando aqui de cortar despesa com aposentadoria, hospital e escola. Não precisa cortar nada em nada disso – embora seja indispensável gastar melhor para atender melhor. A gordura trans, e fora de controle, está no esforço demente do Estado brasileiro em transferir renda dos cidadãos para enriquecer a si próprio e a seus magnatas. O resto é pura e simples mentira. Como é possível, ao mesmo tempo, aumentar imposto e não cortar despesa pública num governo que tem ministério do índio, da igualdade racial, da inovação burocrática, da cidadania, das mulheres, da pesca e da aquicultura? São 39, ao todo.
Há outras perguntas que o governo não vai responder nunca. Como pensar em cortes e aumentar os salários mensais de R$ 100 mil, R$ 200 mil ou muito mais que isso, para juízes, promotores, procuradores, ouvidores, desembargadores, corregedores, e que ainda por cima reforçam suas fortunas vendendo sentenças? Temos a Justiça mais cara do mundo; também temos uma das piores de todas. Por que o Brasil manda uma comitiva oficial de 2.000 pessoas para uma “conferência do clima” num cafundó da Ásia – a maior do planeta? Por que Lula e Janja, até outro dia, estavam querendo comprar um novo avião privativo por R$ 2 bi para seu programa turístico de volta ao mundo?
A lista está sempre aberta, e as meditações do ministro Fernando Haddad junto à imprensa não podem sossegar ninguém. Quem consegue ficar em paz quando é o ministro, ele próprio, quem diz que tudo é possível? Haddad, o nosso Taxad, certamente, não pode jogar uma partida de buraco, porque nunca descarta nada. Mas ele também não descarta nada em relação ao seu bolso. É esse o drama.
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