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J.R. Guzzo

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Pandemia

Coronavírus é prato cheio para quem gosta de fazer politicagem

Videoconferência do presidente Jair Bolsonaro com governadores do Sudeste para tratar do combate ao coronavírus.
Videoconferência do presidente Jair Bolsonaro com governadores do Sudeste para tratar do combate ao coronavírus. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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Já faz tempo, e talvez tenha sido assim desde o começo, que a epidemia causada pelo coronavírus no Brasil deixou de ser uma questão de ciência médica, tratada em laboratórios e centros de pesquisa, ou de administração da saúde pública, gerida nos órgãos públicos encarregados de cuidar disso, e passou a ser uma questão política. As decisões, aqui, são tomadas em reuniões onde os presentes estão pensando em ganhar eleições, não em curar coisa nenhuma, e a “turma do marketing” sempre tem voz ativa – às vezes decisiva.

Médicos? Pesquisas dos melhores centros do saber mundial? Números e estatísticas confiáveis, em vez de “projeções”, “modelos” ou “cenários”? Dane-se tudo isso. O que importa no Brasil de hoje é tirar vantagem do vírus – para a eleição presidencial de 2022 ou, mais urgente ainda, para agora mesmo, nas municipais de 2020.

É uma tragédia, realmente, que as decisões sobre a epidemia tenham sido sequestradas por gente sem a menor qualificação técnica para tratar de uma dor de cabeça. Em vez das melhores cabeças da ciência nacional e da cooperação internacional de primeiro nível – não essa palhaçada de OMS, um puxadinho da ONU hoje sob a direção de um sócio de uma ditadura africana que nem sequer é formado em Medicina – temos, com autoridade para tomar decisões sobre a epidemia, uma turba de 27 governadores e 5.500 prefeitos. Em boa parte, estão pensando unicamente em seus próprios interesses.

Muitos deles, tanto governadores como prefeitos, são semianalfabetos em geral e analfabetos plenos em Medicina. Têm à sua disposição fiscais, verbas e a possibilidade de assinar decretos cuja legalidade a Justiça não está apreciando – ou, pior ainda, onde os juízes decidem contra a Constituição e as demais leis do país. É a receita para o desastre.

Ficamos assim, então: quem resolve a vida das pessoas não é mais o Poder Legislativo nem o Poder Judiciário; é um bando sem cabeça, sem coordenação e sem senso moral, que tem como única preocupação, em sua maioria, adivinhar qual é o barco certo para colocar os pés. São dois esses barcos. Quem é a favor da receita do “isolamento horizontal”, como virou moda dizer — “fica em casa e fecha tudo” — é “de esquerda”, ou “progressista”, ou “antifascista” ou “liberal-intelectual-civilizado”. No mínimo, é contra o governo. Quem é contra, e defende a volta a atividade produtiva, é “de direita”. Entre os dois, há toda uma imensa população com medo de morrer e sem informação.

Os governadores e prefeitos que julgaram mais conveniente jogar suas fichas no isolamento horizontal têm a seu favor um elemento essencial: há milhões de pessoas, efetivamente, que tendem por natureza a temer o cenário de catástrofe, e têm recursos, por modestos que sejam, para sobreviver à paralisia econômica imposta pela quarentena total, repressiva e sem data para acabar dos governadores e prefeitos.

Há entre eles gente que tem a renda garantida: para citar um exemplo só, os 12 milhões de funcionários públicos. Some-se a eles as suas famílias, os aposentados que conseguem sobreviver sem complementar o rendimento mensal, os que trabalham sem ser empregados, os que vivem de renda, etc, e tem-se uma multidão. É uma população que não tem a necessidade vital de sair de casa e ir trabalhar imediatamente para ganhar a vida. Eis aí o pesqueiro ideal para os demagogos.

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