É uma atitude em geral virtuosa, civilizada e perfeitamente legal ter pena de animais maltratados. Também é uma questão que deve ser tratada nos limites do comportamento individual das pessoas; espera-se que o indivíduo mostre o zelo que tem pelos animais através dos atos que pratica, e não dos discursos que faz. Não é, com certeza, um tema para ser analisado entre as grandes discussões da vida pública. E não é, obviamente, coisa que deva estar nos pronunciamentos do presidente da República à nação. Na melhor das hipóteses, fica ridículo. Na pior, é um novo patamar em matéria de demagogia barata.
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O personagem central desta história tão importante para o presidente Lula é o cachorro “Joca”, que deveria ter sido mandado de avião de São Paulo para o Mato Grosso, foi extraviado para o Ceará, voltou para São Paulo e acabou morrendo de exaustão com tanta viagem. “A gente não pode permitir que isso continue acontecendo no Brasil”, disse Lula em manifestação oficial a respeito.
Ficou, ao final, aquela impressão de marido que usa roupa escolhida pela mulher e, mais que tudo, de um presidente da República que não tem absolutamente nada para fazer.
Para piorar, ele expressou sua indignação usando uma gravata com a imagem de um cachorro. Para piorar ainda mais, lançou o seu manifesto na presença de Janja, que também quis fazer discurso, do ministro dos Aeroportos (tem ministro para isso, no governo Lula) e outros gatos gordos que sempre aparecem nessas horas para bater palma. Ficou, ao final, aquela impressão de marido que usa roupa escolhida pela mulher e, mais que tudo, de um presidente da República que não tem absolutamente nada para fazer.
Lula não disse até hoje uma palavra de solidariedade para os 2.000 mortos de dengue em seus dezesseis meses de governo, mas está inconformado com a morte de “Joca”. É um contrassenso, mas o presidente convive única e exclusivamente com os puxa-sacos mais intransigentes que a história da República já produziu; ninguém ali, é óbvio, vai abrir a boca para dizer que ele está se transformando num personagem de chanchada.
Com o pau cantando por todo lado, Lula está preocupado com o cachorro que morreu, a criação de um número federal de telefone para as pessoas reclamarem do governo e o tempo que o ministro Haddad perde com a leitura de livros. Vai para a Colômbia. Faz palestras para cadeiras vazias na JBS, empresa que confessa ter praticado corrupção ativa. Lança pedras fundamentais de obras imaginárias.
O governo Lula, cada vez mais, dá a impressão de uma escola de samba que começa a se dissolver depois de chegar à Praça da Dispersão – com a particularidade de estar desmanchando antes de começar o desfile. Pensam em fechar o X no Brasil. A burocrata que deveria cuidar da dengue no Ministério da Saúde foi passar férias na Índia.
O “Ministério da Inovação em Serviços Públicos”, outra das criações de Lula, não tem uma única inovação a apresentar após quase um ano e meio de simulação de atividade – a não ser o surgimento de uma nova maneira para deixar-se roubar, com o desvio de 15 milhões de reais (junto com o TSE) em fraudes grosseiras nos seus sistemas de pagamento eletrônico. Ou seja: não conseguem controlar nem o seu pix. É o “Brasil que voltou” – e já está indo embora.
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