Presidente Lula votou logo pela manhã em São Bernardo do Campo (SP)| Foto: Ricardo Stuckert / PR
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No início da campanha eleitoral para a disputa das 5.500 prefeituras do Brasil, Lula, o presidente da República, num de seus comícios a portas fechadas para a habitual plateia de camisas vermelhas, proclamou aos gritos: “Essa eleição é entre eu e o Bolsonaro”. Foi Lula, mais uma vez, no papel de Lula. Ele se vê sempre como o centro do universo – não há, na sua cabeça, nenhuma possibilidade de se fazer nada neste país sem a sua presença sagrada.

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Depois, diante da continuação de seu fiasco permanente de público – e como faz todas as vezes em que as suas ameaças fracassam – foi sumindo do mapa e abandonando os feridos à própria sorte. Mas não há como esconder a sua derrota. Ele chamou o Brasil para uma briga eleitoral – e perdeu.

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Nas 100 maiores cidades brasileiras, as que podem ter segundo turno, o PT e o Psol, seus dois partidos, foram arrasados. É possível que fiquem com menos de 10% de todas as prefeituras das cidades mais populosas do país

Encerrada a apuração de votos, nem os maiores bajuladores oficiais conseguiam esconder que Lula conseguiu sair desta eleição sem obter nenhuma vitória clara. É muito pouco para quem se acha o maior líder popular que já apareceu na história do Brasil. Mas é o retrato mais aproximado da realidade política do momento. Lula não pode sair à rua no país que preside. Sua última tentativa de fazer uma manifestação de massa, em São Paulo, atraiu 1.600 pessoas. As realizações de seus quase dois anos de governo, aos olhos da população, são um triplo zero.

Na véspera da eleição, ele estava falando de sua obsessão antissemita, passeando no México e se metendo em coisas que não têm o mínimo interesse para a maioria dos brasileiros. Seus candidatos, em geral, foram um desastre. Não podia, desse jeito, colher resultado diferente do que colheu.

Nas 100 maiores cidades brasileiras, as que podem ter segundo turno, o PT e o Psol, seus dois partidos, foram arrasados. É possível que fiquem com menos de 10% de todas as prefeituras das cidades mais populosas do país. Em muitos municípios, o PT sequer teve candidato – precisou terceirizar a eleição para aliados e declarar que ganhou com a classificação de outro. O Psol conseguiu perder a única prefeitura de capital que tinha, Belém do Pará – seu prefeito, em vez de se reeleger, não foi nem para o segundo turno. Pior ainda, a direita, que Lula tanto odeia, está em condições de ter o seu melhor momento eleitoral no Brasil.

A maior conquista que Lula e a esquerda conseguiram nessa eleição foi levar seu candidato ao segundo turno em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil com 9,3 milhões de eleitores, por um punhado de votos – ficaram por um triz da humilhação de serem rebaixados para a segunda divisão. Lula, que queria disputar as eleições municipais com Bolsonaro, foi reduzido a disputar com Pablo Marçal, um desconhecido que nunca tinha participado de uma eleição. Quase perdeu, e teve de se contentar com a passagem para um segundo turno problemático. Ele vai ter, daqui até eleições gerais de 2026, de arrumar uma “nova missão” para o TSE.

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