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O embaixador de Israel no Brasil tem uma função absolutamente clara e legítima, segundo todas as regras da diplomacia internacional: defender, com liberdade e sem constrangimentos de qualquer ordem, os interesses de Israel no Brasil. O governo brasileiro, porém, está indignado com ele por fazer o que é, estritamente, o seu dever profissional de diplomata. O embaixador não fez nada de errado. O seu único problema é ser o representante de Israel no Brasil de hoje.
É obrigatório, para o governo Lula e para o sistema que o apoia, ser a favor da “Palestina” e contra o Estado judeu; qualquer outra posição está proibida. Não se pode esperar que o embaixador israelense seja a favor dos grupos terroristas que cometeram um mês atrás o pior massacre de judeus desde o Holocausto – o ataque que matou 1.400 civis, inclusive bebês de colo, e incluiu estupro, tortura e o sequestro de reféns. Também não se pode exigir que ele fique a favor da extinção do seu próprio país, como quer o “movimento palestino”. Mas ao exercer o direito de representar Israel, ele entrou na lista negra do governo, do Itamaraty e do ministro Flávio Dino.
É obrigatório, para o governo Lula e para o sistema que o apoia, ser a favor da “Palestina” e contra o Estado judeu; qualquer outra posição está proibida.
O embaixador é acusado de promover uma reunião com políticos brasileiros para mostrar provas dos assassinatos e outros crimes cometidos pelo grupo terrorista que descreve a si próprio como o governo da região de Gaza, ao lado de Israel. O que pode haver de errado nisso? O governo está irritado com o fato de que Bolsonaro foi à reunião; mas era um ato aberto a todos os interessados, sem convites individuais. Que culpa o embaixador tem se Bolsonaro também foi?
Suas declarações sobre o risco de atuação dos grupos terroristas no Brasil foram perfeitamente normais; é o que dizem os embaixadores de Israel em todos os países onde estão presentes. Em suma: não houve nenhuma violação de qualquer preceito diplomático ou de qualquer tradição por parte do embaixador. Mas desde o primeiro minuto desta crise o governo Lula não tem conseguido controlar a sua irritação com os fatos. Não dá para ficar a favor da chacina de bebês, pelo menos em público; descarregam, então, todas a sua frustração sobre o embaixador. Chamam Israel de “Estado assassino” e “genocida”, porque reagiu militarmente à agressão que sofreu; se ele faz objeções a isso, quando perguntado pela imprensa, caem em cima aos berros.
Num dos piores momentos dessa exibição de rancor impotente, o ministro nominal das Relações Exteriores, exclamou que não falava com o embaixador; só com “o chefe dele”. É estupidez direto na veia. Se ele não fala, com quem, então, os embaixadores estrangeiros no Brasil têm de falar? Com o guarda noturno? E com o embaixador americano – é a mesma coisa? O ministro oficial também só fala com o “chefe dele”? É um desvario barato, ignorante e mesquinho.
O governo Lula e a esquerda brasileira estão fazendo, neste episódio, o que sempre fazem: atacar quem não pode se defender. É a sua especialidade. Com toda a coragem, vão ao campo de batalha para executar os feridos.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos