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J.R. Guzzo

J.R. Guzzo

Governo Lula conseguiu colocar a Petrobras de novo nos trilhos do desastre

Lula demitiu na noite de terça-feira (14) o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates; substituta deve ser Magda Chambriard. (Foto: EFE/André Coelho)

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A Petrobras acaba de entrar no seu oitavo presidente em oito anos. Um carrinho de pipoca que estivesse no seu oitavo dono, nos mesmos oito anos, já teria ido à falência. Mas a Petrobras é aquele tipo de praga que nenhum defensivo consegue abater – é uma empresa estatal, e por isso os que mandam nela não precisam obedecer a nenhuma das regras de negócio que valem para todos os outros.

Nos dois governos anteriores de Lula, seguidos pelo conto de horror do período Dilma Rousseff, a companhia só não foi destruída por uma razão: é salva o tempo todo pelo saco sem fundo de dinheiro que o Estado brasileiro extorque dos cidadãos na forma de impostos. Foi vítima, então, da pior corrupção serial da história humana, provada por confissões dos corruptos e pela devolução de dinheiro roubado. Agora, com Lula de novo no Planalto, o processo de destruição foi retomado.

A “indústria nacional” da qual Lula não para de falar tem tanta capacidade de construir petroleiros de classe internacional quanto de fornecer foguetes espaciais para a NASA.

Desde o primeiro dia do novo governo, ficou claro que a Petrobras do Lula-3 estava se organizando para entrar no procedimento padrão do PT e da esquerda para a empresa: mergulhar de cabeça nos seus bilhões, como Tio Patinhas na sua caixa-forte, para fazer tudo o que não interessa à boa gestão de uma petroleira decente. Mas houve, claramente, um problema de timing, como se costuma dizer.

O novo presidente da estatal não estava tocando as coisas com a rapidez que Lula e o seu sistema queriam. Também não estava claro o seu grau de adesão à ideologia lulista para a Petrobras. Foi levado, então, para o corredor da morte, à espera da execução – e enfim fuzilado no gabinete de Lula, entre as risadinhas vitoriosas dos seus carrascos. Querem agora, como eles próprios dizem, “recuperar o tempo perdido”. Imagine-se o que vão fazer para tirar o atraso.

A estratégia suicida de Lula para a Petrobras é a mesma de sempre: dizer que a companhia tem deveres com “o povo brasileiro”. Precisa atender a obrigações “sociais”. Precisa gerar “empregos”. Precisa sair gastando o máximo possível de seus recursos em negócios destinados ao “crescimento da economia”. O que existe de realmente indiscutível nesses negócios é que todos eles dão errado para a Petrobras. Têm uma espécie de “Certificado 9000” ao contrário: é garantido que uma parte ganha e a outra perde, e a parte que ganha nunca é a estatal.

Lula, e o arrastão que vem com ele, querem que a Petrobras use seu dinheiro para fazer investimentos em navios petroleiros, sondas de exploração e fertilizantes. Quer colocar dinheiro em produtos químicos, processamento de gás e fabricação de lubrificantes. Quer montar “complexos” disso e mais daquilo. Quer mais refinarias como as trágicas Pasadena e Abreu e Lima – e por aí afora. Na prática, isso quer dizer contratos bilionários com empreiteiras de obras, fornecedores e “campeões nacionais” que frequentam com regularidade a vara de falências.

A fixação principal de Lula é com a “indústria naval”. Está obcecado há mais de 20 anos com a miragem de construir navios de grande porte no Brasil, e volta agora a insistir na mesma história – não muda de ideia e nem muda de assunto. Suas tentativas anteriores foram uma calamidade. Quem se esqueceu do grande símbolo de desastre que foi a “campeã nacional” Sete Brasil? Recebeu pagamento por 28 navios-sonda, entregou quatro e foi à falência. Mas apesar desta óbvia garantia de fracasso, o presidente está mandando começar tudo de novo.

Não existe nenhuma possibilidade de se organizar uma indústria naval com chances reais de ficar de pé se os navios que produz não são desejados no mercado mundial de transportes marítimos. E quem neste mundo quer comprar um navio fabricado no Brasil? Não tem o mínimo de qualidade exigida hoje pelos armadores. Não tem preço – as chapas de aço para os estaleiros nacionais custam 20 vezes mais que o material estrangeiro. Não tem cliente – seu único cliente é a Petrobras, e indústria com um cliente só não faz verão. Não tem tecnologia. Não tem mão-de-obra especializada. Não pode dar certo.

A “indústria nacional” da qual Lula não para de falar tem tanta capacidade de construir petroleiros de classe internacional quanto de fornecer foguetes espaciais para a NASA. É óbvio que se a Petrobras for obrigada a comprar seus navios, suas sondas e seus equipamentos de exploração de empresas escolhidas pelo governo, é ela que vai levar na cabeça. Ou melhor: quem paga o mico são sempre os acionistas da empresa, o maior dos quais é o povo brasileiro.

Some-se o uso da Petrobras para fazer demagogia com o preço dos combustíveis. Some-se a decisão de investir num parque de refinarias obsoleto e que há muito já deveria ter sido vendido para empresas privadas – liberando, assim, recursos para o investimento na área de maior competência da companhia, a exploração de petróleo em alto-mar. Some-se o resto. É a Petrobras posta de novo nos trilhos do desastre.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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