O presidente Lula durante o anúncio das novas regras do Imposto de Renda: para elevar taxação da alta renda, governo vai retomar IR sobre dividendos.| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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O presidente Lula enviou para o Congresso Nacional, enfim, o projeto de lei com a promessa que fez durante a campanha eleitoral e que até agora não tinha cumprido: o fim do Imposto de Renda, o IR, para que ganha até R$ 5.000 por mês. É mais uma demonstração do grau de seriedade econômica do atual governo – zero, com viés de duplo zero. O presidente fez que ia, não foi e acabou fondo, sem que se saiba até hoje se queria ou não queria ir. A única coisa clara é que Lula e os seus quarenta ministros não têm, na verdade, nenhuma convicção sobre o assunto.

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Ninguém leva mais de dois anos, como Lula demorou no caso do IR, para decidir o que deve ser feito numa questão de princípio. Ou o sujeito é a favor ou é contra – e se fica nesse vai-não-vai, como Lula tentou ficar, é porque não sabe o que quer a respeito. A única coisa certa é a falta de escrúpulos, de consciência e de honestidade do governo em matéria de imposto. Lula fez uma promessa que não tinha nenhuma intenção de entregar - reduzir o IR –, foi tentando enganar o público pagante e, agora, por oportunismo em estado bruto, tira a proposta do bolso para ver se ganha voto. Foi pura demagogia de campanha, na eleição de 2022. É pura demagogia outra vez, para a eleição de 2026.

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O governo Lula, como todos os hipócritas fundamentais, quer “transferir renda” por decreto; não admitem nenhum outro caminho, e é por isso mesmo que os pobres ficam sempre com os decretos e sem a renda

Não se trata de determinar se R$ 5.000 por mês são renda ou apenas, e ainda assim, mal-e-mal, um mínimo para a sobrevivência de um ser humano. É óbvio que isso não é renda, e não sendo renda não deveria pagar imposto nenhum. Mas o governo Lula não está interessado em justiça, e nem mesmo em lógica fiscal com a proposta sobre o IR. A única coisa que interessa à Receita Federal é taxar – quando o ministro da Fazenda tem o apelido de “Taxad”, dá para ver bem onde Lula foi amarrar o nosso burro. É que hoje o governo precisa das duas coisas ao mesmo tempo: dinheiro para pagar as viagens de Janja, os artistas amigos e os “penduricalhos” dos senhores juízes, de um lado; e voto para uma eleição que fica cada vez mais duvidosa, de outro.

A única solução coerente para tal tipo de situação jamais esteve em dúvida. Desgraçadamente para os pobres, porém, essa solução é tudo o que deixa mais horrorizados Lula, os seus economistas de esquerda e os intelectuais orgânicos: reduzir o frenesi desesperado das despesas do governo e transferir o dinheiro gasto com Janja etc. etc. etc. direto para o bolso do pobre diabo que está sendo esfolado dia e noite pelo Fisco. É simples como uma conta de padaria. O cidadão deixa de pagar o imposto que o Estado extorque dele hoje, e fica com mais renda para sobreviver. O Estado recupera o dinheiro que deixou de receber em imposto cortando gastos inúteis.

É aí que está o nó de marinheiro desta história toda – com o detalhe que os marinheiros a bordo não sabem a diferença entre popa e proa. Lula e o cardume que se agita em volta dele (dele e do Tesouro Nacional) podem aceitar tudo, menos uma coisa: gastar menos. Aí não tem jogo. Lula tem de dar a isenção de IR até R$ 5.000, para ver se sai algum voto daí? Tudo bem. Vamos atrás desse tanto que deixamos de receber da escumalha, então, socando mais imposto nos “ricos” – uma boa desculpa, aliás, para meter a mão no bolso dos outros e dizer no jornal da Globo que estamos fazendo “justiça social”. É roubar de Paulo para não dar a Pedro, e sim para a gente mesmo – nós e a desembargadora que está inquieta porque a cabeleireira subiu de preço.

A busca da igualdade que a esquerda prega, da boca para fora, dá sempre nisso – rosas para alguns, que têm a força, e os espinhos para todos os outros, que só têm a força do burro de carga. A igualdade é uma condição que não existe na natureza; pode haver a igualdade de direitos, mas nunca a igualdade de resultados, pois os seres vivos são necessariamente desiguais. O governo Lula, como todos os hipócritas fundamentais, quer “transferir renda” por decreto; não admitem nenhum outro caminho, e é por isso mesmo que os pobres ficam sempre com os decretos e sem a renda.

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De 2003 até hoje o Brasil teve governos do PT por quase 17 anos. Quanto mais tempo precisam para tirar a população da pobreza sistêmica em que vive? Os brasileiros só deixarão de ser pobres, ou menos pobres, com o crescimento econômico genuíno, que vem do investimento privado, e com a única revolução social que realmente conta: um sistema educacional capaz de tornar as pessoas menos desiguais no conhecimento. Lula e a esquerda são terminantemente contra as duas coisas. Seu único projeto para o Brasil, do Bolsa Família ao Pé de Meia, é a perpetuação da mendicância.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]