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A candidata derrotada à Casa Branca, Kamala Harris, durante seu discurso reconhecendo a derrota.
A candidata derrotada à Casa Branca, Kamala Harris, durante seu discurso reconhecendo a derrota.| Foto: EFE/EPA/JIM LO SCALZO

A imprensa brasileira, e não só a brasileira, está em síndrome de abstinência em matéria de eleição. Teve a emoção da sua vida quando o TSE declarou Lula como presidente do Brasil pela terceira vez, em 2022, e um de seus ministros anunciou ao Brasil e ao universo: “Missão dada, missão cumprida”. De lá para cá, não teve oportunidade de abrir uma única garrafa de espumante para comemorar nada.

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Na Argentina, a imprensa passou a eleição inteira se esforçando para provar que Javier Milei era um desequilibrado mental perigoso: só sabia falar de liberdade, e onde já se viu uma coisa dessas? Além do mais, ele iria levar os argentinos à ruína ao desmanchar a esplêndida atuação do peronismo na economia. Tomaram uma surra de criar bicho. Perderam a eleição para o Parlamento da Europa. Perderam aqui mesmo, com TSE e tudo, na última vez em que o povo votou: o PT levou menos de 5% das prefeituras.

O povo americano tinha a obrigação de eleger Kamala Harris; não cumpriu seu dever de cidadão, escolheu o candidato que a mídia claramente tinha proibido que escolhesse e se tornou um óbvio obstáculo para a democracia

Acabam de passar, agora, pelo maior trauma de todos: Trump, Donald Trump em pessoa, ganhou as eleições para presidente dos Estados Unidos. Os jornalistas e a imprensa entraram em estado de coma mental com a eleição de Trump. Como é possível ter acontecido isso? Não ia acontecer. Não podia acontecer. Mais que tudo, está errado o que aconteceu. O povo americano tinha a obrigação de eleger Kamala Harris; não cumpriu seu dever de cidadão, escolheu o candidato que a mídia claramente tinha proibido que escolhesse e se tornou um óbvio obstáculo para a democracia. Como pode haver democracia se há eleições em que a população vota em quem quer? Assim fica difícil. Não é para isso que queremos a democracia.

É tudo muito cômico, no fundo. Não ocorre à maioria da mídia, sequer, a prudência de disfarçar um pouco a sua aversão cada vez mais explícita ao eleitor como ele é realmente, e não como deveria ser no seu plano geral da existência humana. Para essa imprensa, os americanos, como foram antes os argentinos e os brasileiros que votaram nas eleições municipais, são um “gado” que se faz enganar pelo “populismo” de direita.

Os eleitores, na visão deles, reagem a estímulos primitivos. Não são capazes de enxergar o perigo do fascismo. São bocós que acreditam em qualquer fake news espalhada pelas redes sociais, sobretudo pelo X de Elon Musk, em vez de se informar pela imprensa estatizada e segura. Sujeito oculto da frase: que ninguém nos ouça, mas realmente não se pode deixar que esses inconscientes, ou mal-intencionados, se aproveitem das eleições democráticas para escolherem quem bem entendem para nos governar.

Na sua derrota na eleição nos Estados Unidos, o Comité du Salut Publique que comanda uma parte tão grande da imprensa mundial, e tão malsucedida, entrou em modo de vale-tudo. A culpa foi do sistema considerado absurdo de “votos eleitorais” – que era perfeito nas eleições de Joe Biden, Barack Obama e Bill Clinton. Foi do caráter insensível, tosco e mentalmente inferior dos trabalhadores em geral, esses que ganham menos de 100 mil dólares por ano, que não foram para a universidade e, desgraçadamente, formam a maioria da população. Foi da internet, onde hoje qualquer mané pode escrever, postar vídeos e ler o que quer – e não o que querem lhes mostrar. A culpa só não foi deles.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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