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Centenas de milhares de brasileiros desceram às ruas no dia 7 de Setembro, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e ao seu governo, e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e os seus inimigos. Foram as maiores manifestações públicas ocorridas no Brasil desde que as multidões tomaram a rua em 2016, no irresistível “Fora Dilma” e “Fora a Corrupção” que mudou os rumos da vida política nacional. Foram, também, uma extraordinária demonstração de democracia e de empenho na luta pela liberdade. Não houve um único episódio de violência, nem qualquer incidente, nem uma vidraça quebrada – nem “um cadáver”, como se ameaçava na mídia e na coligação formada em defesa da prodigiosa alegação de que a população reunida na rua, livremente e em paz, era um “ato antidemocrático”.
É um fenômeno, em qualquer circunstância e em qualquer país do mundo: manifestações de massa que reúnem tanta gente, e nas quais, ao mesmo tempo, a multidão se comporta de maneira tão exemplar. E diante disso tudo, o fato político mais importante do ano, o que fazem as nossas altas autoridades? Não conseguem dizer nada, absolutamente nada, que possa ter alguma utilidade ou que mostre uma compreensão mínima do que aconteceu na sua frente. É uma exibição, mais uma, do eterno vício da vida pública brasileira: a sua incapacidade patológica de lidar com a ideia de que é preciso, pelo menos de vez em quando, reconhecer que existe no país algo chamado “povo”. Não apenas não reconhecem; no episódio deste Sete de Setembro não conseguiram, nem mesmo, enxergar fisicamente o que estava se passando diante dos seus próprios olhos - um mar de gente na rua, gente de carne e osso, com alma, coração e vontade própria.
A reação do presidente do STF, Luiz Fux – um dos funcionários do Estado com a maior obrigação de dizer alguma coisa que prestasse sobre as manifestações – foi um desastre. Tudo o que conseguiu foi murmurar um amontoado de enunciados desconexos; não foi capaz de perceber que um mar de gente tinha ocupado a Avenida Paulista, a Esplanada dos Ministérios e outros pontos-símbolo da praça pública no Brasil. Ao invés de refletir por dois minutos sobre o espetáculo que estava acontecendo em sua volta, repetiu as ameaças de sempre contra o presidente da República. Bradou que ninguém vai “fechar” o Supremo, e outras tolices. Foi o retrato acabado de um homem que obviamente não está à altura do cargo que é pago para ocupar e das responsabilidades que vêm com ele.
Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, justamente os que têm o dever de representar a população brasileira na máquina do Estado, disputaram entre si os papéis de nulidade número 1 e nulidade número 2. Nenhum dos dois admitiu, em nenhum momento, que o Brasil tem um povo e que esse povo, na forma de centenas de milhares de pessoas, ou mais, tinha tomado as ruas para fazer ouvir a sua voz. O presidente do Senado, na ânsia incontrolável de se aliar ao STF, à mídia e à esquerda em geral, achou que deveria falar sobre os que “não foram” às manifestações. Foi sugerido, também, que a população não deveria sair à rua, num feriado, para defender suas posições e exigir liberdade; deveria se preocupar com problemas realmente sérios, como a “crise de fome e de miséria”, sobre a qual ninguém tinha dito uma sílaba até as manifestações.
O único que foi capaz de reagir com palavras à altura de sua posição foi o procurador-geral da República, Augusto Aras – apenas ele. “As manifestações do Sete de Setembro foram a expressão de uma sociedade plural e aberta”, disse Aras. “A voz da rua é a voz da liberdade e do povo”. Foi uma lição para os outros.