Desde que assumiu, o governo Lula ficou encantado com a possibilidade de agir como polícia – a ideia fixa de todos os regimes de esquerda, para quem a possiblidade de prender, punir e perseguir adversários políticos é o segundo maior atrativo do poder. (O primeiro é transformar a máquina do Estado, e especialmente seus cofres, em propriedade particular dos que mandam.)
É uma espécie de hipnose. O ministro da Justiça não para de falar na “sua” Polícia Federal; a impressão é que ele só pensa nisso, e que assumiu seu cargo só para ordenar operações de “busca e apreensão”, se meter com inquéritos criminais e levar gente presa para a delegacia. Faz sentido. O ministro é comunista (“graças a Deus”, diz ele) e até hoje, em 100 anos de experiência, não se registrou um único caso de governo deste tipo que não tenha utilizado a repressão policial como seu principal instrumento de ação. É como o ar que respiram. Mais perigoso que isso é a transformação da própria Presidência da República em delegacia de polícia.
Procuradoria de Defesa da Democracia inventada por Lula é apenas mais uma polícia para reforçar o sistema de repressão política montado pelo governo.
Essa degeneração deliberada começou junto com o governo Lula-3: a Advocacia Geral da União, que existe para representar o Estado na Justiça ou em outras esferas, criou uma “Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia”, cuja função não é defender nada, e sim perseguir quem o governo não gosta.
É uma aberração. A lei não autoriza a AGU a dar a si própria esses poderes policiais. É coisa de ditadura – não existe nenhum serviço de “proteção à democracia” em nenhuma democracia séria do mundo. Para quê? A democracia é defendida pelo exercício verdadeiro da própria democracia. Sua suprema garantia é o cumprimento da lei. Para isso existe um Sistema Judiciário com cerca de 18 mil juízes e 13 mil procuradores e promotores – mais todas as forças de segurança do país. A “Procuradoria de Defesa da Democracia” inventada por Lula é apenas mais uma polícia para reforçar o sistema de repressão política montado pelo governo.
Nada poderia demonstrar isso tão bem como a extravagante perseguição que a AGU acaba de armar contra o jornalista Alexandre Garcia. Garcia é tratado como “inimigo” pelo governo Lula porque não faz parte do departamento de propaganda oficial que substituiu as redações na maior parte da mídia brasileira de hoje.
Causou grande irritação por ter feito uma pergunta jornalística básica: há responsabilidade dos operadores de três comportas fluviais na última enchente no Rio Grande do Sul? Só isso – qual é o problema? É a Procuradoria de Defesa da Democracia, agora, que decide quais são as questões que os jornalistas podem levantar, e quais as que não podem? Além do mais, o tema foi tratado em diversos outros órgãos de imprensa, mesmo porque há prefeituras na região atingida que levantaram as mesmas dúvidas.
Ninguém foi incomodado pela AGU. Só Alexandre Garcia, que está sendo “investigado” pela divulgação de “fake news” e outros crimes contra a humanidade. O que a “defesa da democracia” tem a ver com notícia de enchente? É uma agressão grosseira, burra e ilegal contra a liberdade de expressão. É mais uma demonstração da ditadura em que o governo e os seus parceiros estão querendo enfiar o Brasil.
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