A derrota arrasadora que a esquerda americana, brasileira e mundial acaba de sofrer na eleição presidencial nos Estados Unidos só pode ser comparada às análises dos seus pensadores sobre a torrefação da Grande Esperança Negra que inventaram para perder. Não conseguiram, até agora, deixar de pé um único pensamento coerente sobre o naufrágio.
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Estão em estado de choque, e tudo o que têm a apresentar é uma maçaroca de exclamações desesperadas, irracionais e sobretudo cegas. Não há obviamente como comentar uma derrota desse tamanho sem examinar o que há de errado na conduta de quem perdeu. A esquerda resolveu jogar a culpa nos vencedores.
É como se a esquerda estivesse sofrendo algum tipo de bloqueio mental; certamente é um caso de negacionismo em modo extremo. Não pode haver maior evidência disso do que o raciocínio de que os eleitores, e não eles, são negacionistas
Ninguém está vendo o que anos seguidos da estratégia única de tratar Donald Trump como um demônio, em vez de um oponente político, produziram na vida real. Não parece ser nenhum fenômeno sobrenatural. O eleitor americano ficou exausto de ouvir coisas em que não acredita, basicamente por não fazerem nexo – e reagiu devolvendo a Presidência a um líder político que consegue pensar, falar e agir como a maioria considera mais racional. Não acredita, pura e simplesmente, que ele seja um “fascista”, como a mídia, os intelectuais e a elite lhe socam na cabeça dia e noite – porque Trump, essencialmente, não é um fascista no mundo das coisas reais.
Pode ser ainda pior para a esquerda – talvez a massa americana, que faz parte do mundo da produção e não do mundo desenhado pelos sociólogos, não tenha medo do que lhe descrevem como “fascismo”. Ouviram, durante toda a campanha e antes dela, Trump dizer coisas que acreditam ser lógicas.
É preciso combater a imigração ilegal descontrolada. Os preços estão muito altos. A “crise climática” é uma fraude para a máquina estatal lhe cobrar mais imposto, interferir nos seus hábitos e mandar mais em você. O país não deve tratar as pessoas pela cor de suas peles, e sim por seus méritos individuais. Não pode ter como prioridade nacional o combate ao “racismo sistêmico”, a prioridade para questões de gênero e o apoio ao aborto – e por aí se vai. Isso tudo é “fascismo”? Então o “fascismo” não me incomoda; pode até ser uma boa ideia.
A esquerda se mostra maciçamente incapaz de pensar sobre isso. É como se estivesse sofrendo algum tipo de bloqueio mental; certamente é um caso de negacionismo em modo extremo. Não pode haver maior evidência disso do que o raciocínio de que os eleitores, e não eles, são negacionistas: negam o perigo do fascismo, negam os riscos iminentes de que a democracia seja destruída nos Estados Unidos, negam que Trump vai ser um novo Hitler.
Não entendem, e talvez nem percebam, que estão causando o fim do mundo com os seus votos para Trump. Ou muda o povo – ou a democracia está com sérios problemas, pois a vontade livre da maioria dos cidadãos é claramente incompatível com a “civilização” tal como é vista por eles. Breve aqui, portanto, mais e novos esforços da esquerda para continuar errando.
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