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Palácio do Planalto, próximo à Praça dos Três Poderes, em Brasília (Brasil), durante operação em busca de novos explosivos
Palácio do Planalto, próximo à Praça dos Três Poderes, em Brasília (Brasil), durante operação em busca de novos explosivos| Foto: EFE/ Andre Borges

A melhor maneira de se começar a as investigações sobre as explosões de bombas em Brasília, uma perto da Câmara dos Deputados e outra próxima ao STF, é comprovar que o responsável pelo crime é o indivíduo que fez as bombas explodirem. Como dizia Freud, não se pode excluir a possibilidade de que um charuto, muitas vezes, seja apenas isso – um charuto.

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No caso de Brasília, as evidências reunidas até o momento mostram que o mais provável é que as bombas tenham sido obra de alguém com problemas severos de desequilíbrio mental, além de inepto para fazer o que pretendia – mesmo porque a única vítima das explosões foi ele mesmo.

As investigações devem deixar claro, ou deveriam, que Francisco Luiz, o homem morto, resolveu explodir as bombas em Brasília por conta própria – ou, então, provar materialmente que ele faz parte de uma conspiração maior

Bombas detonadas nas proximidades da Câmara dos Deputados e sobretudo do Supremo são delito de natureza gravíssima. Seria pior, é claro, se o artefato tivesse explodido num supermercado cheio de gente, por exemplo, ou na estação de metrô. Tendo acontecido, e sendo impossível para a autoridade pública evitar que fatos assim aconteçam, a saída, em primeiro lugar, é saber o que realmente aconteceu – elemento fundamental para se organizar medidas de segurança capazes de reduzir a possibilidade de acontecer outra vez.

No ambiente de neurose agravada que se formou nos escalões mais altos dos Três Poderes, a reação imediata da Polícia Federal, da esquerda em geral e da maior parte da imprensa foi levantar a hipótese de que estaria havendo mais uma tentativa de agredir a democracia brasileira com atos de violência armada – sendo que, desta vez, houve armas de verdade, e não estilingues ou bolinhas de gude.

As investigações sobre as explosões em Brasília devem deixar claro, ou deveriam, que Francisco Luiz, o homem morto, resolveu explodir as bombas por conta própria – ou, então, provar materialmente que ele faz parte de uma conspiração maior. O ruim é ficar massageando suspeitas de mais um “golpe de Estado” – e sugerir que os culpados “podem ser” os adversários políticos.

Luiz foi candidato a vereador pelo PL na eleição municipal de 2020, numa cidade no interior de Santa Catarina; teve 98 votos. Bolsonaro, na ocasião, não estava no PL – embora o noticiário, até agora, diga que hoje ele está no partido. Como de hábito, a polícia e autoridades judiciárias dizem aos jornalistas que “não se exclui nenhuma hipótese”, que estão trabalhando com “todos os cenários” e que as linhas de investigação “estão abertas”. O sujeito oculto da frase é que o “8 de janeiro” continua vivo, e o ministro Alexandre de Moraes tem de escalar sua repressão aos acusados de “atos antidemocráticos”. Também já apareceram novos gritos de guerra contra a anistia.

Como dar uma anistia aos presos pela baderna do ano passado, se os terroristas continuam a toda, agora soltando bombas? Não pode. À vista, a partir de agora, mais condenações a dezessete anos para participantes de um quebra-quebra transformado em golpe.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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