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Há pelo menos um mês, e ainda mais tempo em muitos lugares, o Brasil está fechado por conta das medidas que as “autoridades locais” estão tomando em sua tentativa desesperada — e muito lucrativa para elas — de “gerir” a Covid-19. Dezenas de milhares de negócios foram fechados; outros tantos estão à beira da falência. Perto de 9 milhões de empregos foram eliminados apenas no ano passado. Só em São Paulo, a principal vítima do desastre, e só nos últimos 30 dias de “fecha tudo” em modo extremo, 150 mil pessoas ficaram sem trabalho. Em compensação, nunca as “autoridades locais” mandaram tanto.
A economia brasileira, pelo segundo ano seguido, está em ruínas; fora o agronegócio, a indústria, o comércio e os serviços têm sido devastados. Donos de pequenos negócios estão tendo de vender carros e outros objetos pessoais, inclusive as próprias casas, para pagar as indenizações rescisórias que têm de fazer por lei aos empregados que foram obrigados a demitir; se não fizerem isso, a Justiça Trabalhista arruína de vez com as suas vidas. Pelo menos um terço da população estava sem nenhum tipo de renda no fim de 2020. Há gente passando fome nas áreas mais pobres das cidades.
Em troca de tudo isso, o que se ganhou foi zero. Na verdade, as coisas têm ficado cada vez piores: o “lockdown”, “toque de recolher” e outras maravilhas só resultaram, até agora, em cada vez mais mortos — já são mais de 350 mil, dos quais cerca de 160 mil apenas de janeiro para cá, justamente o período em que as medidas repressivas se tornaram as mais extremas. Tudo dá errado. Nada dá certo.
Como alguém pode achar que alguma coisa está funcionando bem com a atual política de paralisação da economia e da vida social? Ao contrário: as “autoridades locais” estão comandando um fracasso sem precedentes na história do Brasil, que só não incomoda a governadores e prefeitos porque ninguém cobra deles nenhuma responsabilidade pelo desastre que estão promovendo.
A culpa, segundo o Supremo Tribunal Federal, as elites, os que estão protegidos em seus salários, seus ganhos e seu bem estar, e a maior parte da mídia, é do “governo federal”. É lá, em Brasília, que estão praticando “genocídio”; todos os demais, automaticamente, se declaram absolvidos e por conta disso continuam repetindo, todos os dias, tudo o que tem provocado o desastre.
Se as “autoridades locais” não têm nada a ver com as 350 mil mortes, todas ocorridas neste período em que elas têm administrado a Covid com autonomia total por ordem do STF, que esperança a população pode ter? Governadores e prefeitos, que hoje desfrutam da posição de ditadores — e não têm o menor interesse em mudar essa situação — vão continuar fazendo exatamente o que têm feito. Se continuarem a fazer o que têm feito, os resultados continuarão iguais. Xeque-mate.
Os governadores e a maioria dos prefeitos paralisam a economia, impedem o trabalho e desaprovam o tratamento precoce. Não conseguiram resultado nenhum que não fosse o aumento contínuo, e cada vez mais rápido, no número de mortos; em resposta a isso, tornam ainda pior o fechamento e apoiam uma CPI que o STF mandou fazer para apurar “responsabilidades” na pandemia — mas só as do governo federal, e nada que diga respeito às “autoridades locais”, das mortes à roubalheira desenfreada que tantos vêm praticando por conta da “emergência”. Ela lhes permite fazer tudo e não prestar conta de coisa alguma. É claro que só têm mais estímulo para continuar no mesmíssimo caminho que nos trouxe até aqui.