Durante 33 anos o PT, a esquerda e suas redondezas negaram qualquer ligação com os autores do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1989, executado por uma quadrilha multinacional de terroristas. Os bandidos, que se apresentavam como militantes esquerdistas, foram presos, julgados e condenados a penas pesadas de prisão, mas não pagaram realmente por seu crime – cerca de dez anos depois, estavam soltos. Sabia-se, até agora, que um dos sequestradores era um canadense, que o Canadá pressionou por sua soltura e que o presidente Fernando Henrique, para bajular essa nação tão liberal, tão maravilhosa, tão democrática, tão primeiro-mundista e tão objeto de desejo de tanta gente por aqui, cedeu às pressões. Funcionou, mais uma vez, o velho e invencível complexo de inferioridade do brasileiro que se imagina civilizado, europeu e social-democrata. Com medo de desagradar ao Canadá, o Brasil soltou o canadense – e no arrastão acabou saindo todo mundo da cadeia. Foi um dos piores momentos da biografia do ex-presidente.
Esse pior acaba de se tornar pior ainda – e o PT, mais uma vez, acaba de ser desmentido pelo próprio chefe. Lula, em sua escalada para se mostrar cada vez mais como um radical de esquerda, revelou por sua livre e espontânea vontade que pediu a Fernando Henrique a libertação dos criminosos em 1998 – e que foi atendido “pelo Fernando”. Segundo Lula, “os meninos” ficaram tempo demais na cadeia, iam fazer uma greve de fome e tinham de ser soltos para não prejudicar a “imagem do Brasil” - como se o Brasil, e não os sequestradores, fosse o culpado da história. Além da pressão do Canadá, sabe-se agora que houve também a pressão do atual candidato à presidência da República - que deixa perfeitamente claro, de novo, qual o lado em que ele sempre está. Os seus “meninos” eram criminosos violentos, armados e prontos a matar. Mas Lula, com sua declaração, mostra que está orgulhoso do que fez. E a “herança maldita” que, segundo ele, foi deixada por Fernando Henrique? Não inclui, com certeza, o perdão para os sequestradores de Diniz.
Como dizia o seu candidato à vice-presidente, Geraldo Alckmin, Lula quer ser presidente para “voltar à cena do crime”. Hoje ele não diz mais nada e todo mundo finge que está tudo bem, mas não está – Lula continua condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove magistrados diferentes. Com a revelação de que pediu para soltar os bandidos, ele mostra que também aprova o crime de sequestro, quando é praticado por gente de esquerda – os seus “meninos”, como diz. “Esse é o PT”, diz Luiz Felipe d’Avila, genro de Abílio Diniz e atual candidato à presidência pelo Partido Novo. “Esse é o Lula. Sempre do lado do crime”.
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