O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Durante quase dois anos inteiros, sem dar sossego a ninguém, Lula, a presidente de seu partido e as facções mais extremistas do governo comandaram o linchamento público do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Seu mandato tinha começado na gestão anterior, de maneira que ele não podia ser demitido; Lula, mais de uma vez, declarou-se revoltado com a lei que estabelece a independência do BC. Não podendo fazer mais do que discursos coléricos em relação ao assunto, entregou-se a uma das mais sórdidas campanhas de assassinato de reputação jamais lançadas contra um servidor do Estado brasileiro.

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Campos Neto, até pouco tempo atrás, era chamado por Lula de sabotador da economia nacional, inimigo do povo brasileiro, serviçal dos “ricos”, exterminador de “pobres” e daí para baixo. A presidente do PT, e toda a ala histérica da esquerda, se juntaram ao xingatório. Os puxadores de saco, é claro, correram para bater também. Não era divergência em termos de política econômica, mesmo porque Lula e essa gente não têm ideia do que possa ser política econômica. Era simplesmente um esforço para destruir o trabalho do BC – defender o valor da moeda nacional contra a inflação, o que é seu dever legal, através do aumento da taxa de juros.

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O BC não aumenta os juros porque se diverte ao fazer isso, mas porque vê a inflação ameaçando a economia. Essa ameaça tem sido puro Lula, com o reforço de um ministro da Fazenda que não é levado a sério e a inépcia maciça do governo em geral

Os juros, evidentemente, só têm aumentado para responder ao desastre provocado pelo governo Lula com a sua atitude irresponsável e agressiva no aumento do gasto público. O BC não aumenta os juros porque se diverte ao fazer isso, mas porque vê a inflação ameaçando a economia. Essa ameaça tem sido puro Lula, com o reforço de um ministro da Fazenda que não é levado a sério e a inépcia maciça do governo em geral. O presidente diz que gasto público é “vida”, que “o mercado” quer destruir o Brasil e que a grande missão do poder público é aumentar imposto e combater o lucro. É óbvio que o BC tem de apertar os juros para enfrentar a instabilidade causada por tudo isso.

Mas Campos Neto está chegando ao fim do seu mandato; seu sucessor já está escolhido, sacramentado e com o terno pronto para a cerimônia de posse. É ele, o escolhido de Lula, que vai ter de encarar a partir de agora a desordem inflacionária – e aí tudo mudou num passe de mágica. O BC, com a óbvia anuência do presidente nomeado por Lula e de toda a sua diretoria, teve de aumentar os juros mais uma vez – uma pancada de 1 ponto inteiro logo de uma vez, mandando a taxa Selic de 11,25% para 12,25%. É claro que aconteceu então o milagre: o novo aumento foi recebido com o maior silêncio que um governo federal já dedicou à questão na história da República.

A presidente do PT, que sempre esteve na fila de frente dos linchadores do BC, não deu um pio; o juro vai a 12,25% e ela não dá um pio. Lula já parou de falar nisso há tempo. A ministrada mais neurastênica não abriu a boca. Aumento de juro, a partir de agora, vai fazer parte das “políticas públicas destinadas ao crescimento da nação, à justiça social e ao combate à fome”. O governo Lula é isso.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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