Chegou a primeira conta – ou melhor, chegou o primeiro demonstrativo numérico, pois a conta já está sendo paga há muito tempo – do prejuízo que o país teve com o fechamento da economia e a destruição de postos de trabalho em 2020, por conta da Covid-19. O PIB brasileiro caiu 4,1% em 2020 – uma pancada para ninguém botar defeito, a maior desde há muito tempo. É verdade que Dilma Rousseff, sem epidemia nenhuma, conseguiu não ficar longe disso, com a sua recessão dupla de 2015 e 2016, mas aí não vale; Dilma é uma calamidade por si própria, e não permite comparações. Em suma: 2020 foi um desastre para o Brasil e para os brasileiros.
Recessões, naturalmente, valem pelos seus efeitos práticos – a devastação causada por esta queda de 4% está aí, à vista de todos, e os sofrimentos que trouxe são aqueles que todos podem constatar olhando à sua volta. São os empregos perdidos, os negócios fechados, os investimentos que foram para o lixo e por aí afora. Mas, para serem melhor entendidas, certamente ajuda comparar as recessões do país A ou B com as do país C ou D. É aí que se tem uma ideia mais precisa do que aconteceu.
Nessas comparações com o resto do mundo o Brasil não está nada mal — quer dizer, está horrível, mas tem muita gente boa que está muito, ou muitíssimo pior. No mesmo ano de 2020 a Itália, por exemplo, teve uma queda de 9% na sua economia, mais do que o dobro do recuo brasileiro. A Inglaterra caiu 10%. Na Espanha foram 11%. É certo que são economias muito mais ricas que a do Brasil e que, assim sendo, suas populações sofrem bem menos com a recessão. Mas não há como dizer que estamos sozinhos nesta desgraça.
A questão, agora, é 2021. Pelo pânico descontrolado das “autoridades locais”, que se lançam de novo a medidas extremas de fechamento da sociedade, o ano não promete nada de bom. A recessão de 2020, como se pode constatar pela aritmética, foi inútil. Em troca de milhões de empregos destruídos, e um aumento inédito nos índices de miséria, ignorância e desigualdade, tudo o que se conseguiu foram quase 260 mil mortos, de acordo com os números divulgados pelo Ministério da Saúde, e o colapso do sistema hospitalar gerido por governadores e prefeitos.
Pelo jeito, a maioria deles está querendo mais. Quem sabe, para dobrar a meta, uma recessão de 8% em 2021? Muito país sério já conseguiu mais que isso.
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