Imagem ilustrativa.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
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É claro que, mais cedo ou mais tarde, o regime Lula-STF iria montar a sua própria polícia política para reprimir adversários, desafetos e gente que incomoda o governo. Não existe até hoje, na experiência humana, nenhum regime de esquerda que não tenha se tornado uma ditadura, e não existe nenhuma ditadura que não tenha a polícia como ferramenta vital para manter-se de pé. Não poderia ser diferente no Brasil, e não está sendo – a Polícia Federal, hoje, está cada vez mais próxima de se tornar para o Supremo e seus sócios no governo Lula o que o DOPS foi para a ditadura militar de 1964.

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É o sonho dourado de todo militante de esquerda: estar do lado de quem usa o cassetete, e não de quem apanha dele. Combina exatamente com o único manual de política que conhecem e que consiste, quando se deixa de lado a mentirada de “ajudar os pobres” etc. etc. etc., em jogar na cadeia quem não está de acordo com a sua ditadura. É assim que se faz em todas as tiranias, ou que se apresentam como tal, sem exceção: de Cuba à Venezuela, da China à Rússia e por aí afora.

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No momento, uma das atividades fundamentais da PF é executar planos criados pelos chefes, em vez de fazer investigações: ou seja, já recebem ordens de cima mandando que os inquéritos descubram isso, mais isso e mais aquilo, e têm de usar a sua criatividade para entregar o que a chefia está querendo

É claro que o regime Lula-STF não chegou, como ditadura em construção, ao nível técnico de seus mestres. Ainda falta, por exemplo, a censura na imprensa – por enquanto seu ataque se concentra nas redes sociais, que é área que realmente os preocupa. Não há a tortura oficializada, nem a pena de morte, nem campo de concentração. O Congresso continua aberto, e há discursos de senadores e deputados – feitos sob o risco de perseguição policial, censura e cassação. Mas o DOPS do Supremo, que opera sobretudo sob a direção do ministro Alexandre de Moraes – e agora Flávio Dino – já está em fase de treinamento avançado.

A Gestapo em gestação no regime é a Polícia Federal, e o seu uso como polícia política é 100% ilegal – uma das top ten das ilegalidades do consórcio Lula-STF, com certeza. No momento, uma das atividades fundamentais da PF é executar planos criados pelos chefes, em vez de fazer investigações: ou seja, já recebem ordens de cima mandando que os inquéritos descubram isso, mais isso e mais aquilo, e têm de usar a sua criatividade para entregar o que a chefia está querendo. Nada poderia demonstrar esse fato de maneira mais óbvia do que o inquérito universal do Golpe dos Estilingues – fantasia inventada no STF e na mídia para eliminar rivais políticos.

Essa aventura já começa a ser exposta na imprensa internacional. A última manifestação foi uma contundente reportagem do Wall Street Journal, que acaba de ser publicada, levantando a possibilidade de ações clandestinas da PF nos Estados Unidos para incriminar falsamente o ex-assessor presidencial Filipe Martins. Tais ações, por envolverem o Departamento de Imigração dos Estados Unidos, podem vir a ser investigadas pelo “czar” da imigração americana no futuro governo de Donald Trump – um dos mais radicais colaboradores do novo presidente.

No seu último espasmo de polícia secreta de ditadura, a Polícia Federal se submeteu a um papel particularmente estúpido: “investigar”, a pedido do governo de Lula, os “responsáveis” pelas recentes altas do dólar, incluindo autores de memes. O culpado número 1 pela disparada do dólar para acima dos R$ 6 é o próprio presidente Lula; precisa dizer mais alguma coisa? Antes disso e, também num de seus piores momentos, a PF se atirou contra o deputado Marcel van Hattem, um dos mais combativos da oposição. A degeneração, aqui, é especialmente ofensiva. A polícia quer punir Marcel e mais um colega deputado por discursos feitos na tribuna da Câmara – um insulto grosseiro à Constituição Federal, que determina imunidade por quaisquer palavras dos parlamentares.

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O discurso de Marcel van Hattem se referia justamente ao perigoso caso de Filipe Martins – mas não é ele, o deputado, quem pode ser investigado, e investigado na duríssima Justiça americana, por falsificação de documento oficial. Ditaduras, ou projetos de ditadura, dão nisso: começam a tirar a roupa, vão sendo obrigados a tirar cada vez mais e, no fim, acabam em pelo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]