Não há nada de “progressista”, de “consequente” e de politicamente “correto” que o papa Francisco não apoie neste mundo de Deus. Ele gosta da Palestina, do Irã e de organizações “muçulmanas” que se dedicam ao combate ao “imperialismo” e à “reparação” das “injustiças históricas” que foram cometidas pelo cristianismo nos últimos 20 séculos. Ama a CNBB. É a favor da igualdade, da diversidade e da “reforma agrária”; é contra a fome, pobreza e os “agrotóxicos”.
Está convencido que os regimes de esquerda na América Latina são forças positivas na “libertação” do continente – e por aí vamos. É extraordinário, assim, que esse mesmo papa tenha tomado a decisão de denunciar a ditadura e o ditador da Nicarágua; deve ter achado que passaram de qualquer limite, na sua conduta como malfeitores. Quer dizer que até o papa está reclamando? Sim, até o papa está reclamando.
Durante a campanha, a mídia e os candidatos foram expressamente proibidos pelo TSE de dizer que Lula era a favor da ditadura da Nicarágua. Hoje isso é parte da política externa do Brasil.
O papa Francisco denunciou a Nicarágua como uma “ditadura grosseira”. Disse que o ditador Daniel Ortega sofre de desequilíbrio. Manifestou, enfim, a sua indignação contra um dos últimos atos de delinquência da ditadura nicaraguense – a condenação do bispo Ronaldo Alvares a 26 anos de prisão pelo crime de “fake news” e por “desobedecer ao Estado”. Nem o STF, no Brasil, sonhou com tanto até agora.
O pontífice fez, ainda, uma comparação sombria. “É como trazer de volta a ditadura de Hitler em 1935”, disse Sua Santidade. É pesado, e é uma das piores críticas que Ortega já recebeu – mas a verdade é que ele parece mais decidido do que nunca a chutar o pau da barraca. Uma das suas últimas realizações é banir da Nicarágua as freiras da organização de Madre Teresa de Calcutá. Sério? Sim, é isso mesmo: nem a Madre Teresa escapou.
É um escândalo de baixa qualidade que o Brasil, enquanto isso, continue dando todo o seu apoio à ditadura – acaba de recusar-se a assinar um documento de condenação à Nicarágua subscrito por 50 das maiores democracias do mundo. Como rebaixar a política externa brasileira a esse grau de marginalidade e de isolamento perante o mundo democrático? O PT e a esquerda, até outro dia, denunciavam histericamente que o Brasil, por não se alinhar mais com ditaduras como a de Daniel Ortega, tinha se tornado um “pária na comunidade internacional”.
E agora? Durante a campanha, a mídia e os candidatos foram expressamente proibidos pelo TSE de dizer que Lula era a favor da ditadura da Nicarágua. Hoje isso é parte da política externa do Brasil. Sempre se pode reclamar ao papa, é claro – mas não vai adiantar nada.
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