Um dos melhores candidatos ao título de campeão dos falsos problemas da política brasileira é a história deste Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro, do Rio de Janeiro. Queiroz, que foi motorista e segurança do filho do presidente quando ele era deputado no Rio, teve “movimentações atípicas” em sua conta bancária, conforme se viu numa investigação das autoridades fiscais; basicamente, acharam cerca de 1 milhão de reais que não deveriam estar lá. Andava sumido desde o começo do caso e, enfim, acaba de ser preso num sítio de Atibaia, no interior de São Paulo – Atibaia, mais uma vez. E agora?
E agora nada – ou, pelo menos, deveria ser nada. O crime imputado a Queiroz é a “rachadinha”, truque pelo qual milhares de vereadores, deputados estaduais e deputados federais do Oiapoque ao Chuí nomeiam funcionários para seu próprio serviço e dividem com eles os salários que a Constituição Cidadã garante e que você paga. E daí?
Digamos que só ele, entre essa multidão toda, tenha de responder pelo que fez. Nesse caso a justiça deveria seguir o seu curso normal, sem interferência de ninguém, e não haveria por que fazer o barulho que sempre se fez em torno dessa figura.
Queiroz deve ser julgado, com todos os direitos de defesa, apelar da sentença caso seja condenado e ir para a cadeia, se a justiça assim o decidir, quando a decisão “transitar em julgado”, como exige o Supremo Tribunal Federal – coisa que só deve acontecer, se o Ministério Público ganhar o processo, daqui a uns 50 anos.
Quanto ao senador Bolsonaro, também é um mistério saber aonde está o problema: se ficar provado que ele enfiou no próprio bolso dinheiro que o contribuinte pagou para sustentar os seus funcionários, basta seguir o curso da lei. No seu caso, o Senado Federal tem de decidir se o seu mandato deve ser cassado e se ele tem de ir para a prisão. O homem tem o “foro privilegiado”, não é mesmo? Como acontece com Aécio Neves, Renan Calheiros e outros gigantes da política nacional, a lei estabelece que só os seus “pares” têm o direito de julgá-los pelos crimes de que são acusados – uma exigência básica da democracia, não é mesmo?
Falso problema em estado puro – mas a política brasileira depende o tempo todo de falsos problemas.
Pressionada por Trump, Europa prepara plano de investimento em defesa de US$ 732 bilhões
Serviço contratado pelo STF monitora menções à corte nas redes sociais
Lula vai brigar com os EUA para agradar Moraes – e isso é uma péssima ideia
Após polêmica com Trump, Zelensky diz que ainda conta com apoio dos EUA
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS