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O presidente Lula nos informou, dias atrás, que a “elite” brasileira não está “preparada” para governar o Brasil. É só por isso, aliás, que ele está na presidência: se a elite fosse melhor preparada, pelo que se pode depreender das suas últimas visões, não haveria a necessidade de sermos salvos por ele mais uma vez. “Eu só voltei a governar este país porque queria provar que a elite não sabe governar”, disse Lula num desses seus comícios em circuito fechado em que imagina estar falando para população. É um novo território para a História do Brasil, até agora não mapeado. Ou seja: ninguém sabia que Lula estava feliz da vida na cadeia, pela prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no sossegado desfrute de sua aposentadoria, quando se viu obrigado a ser de novo presidente da República. Se ele não fosse então para o sacrifício, a “elite” iria governar mal o país. Para evitar este problemão, Lula está aí de novo, provando que ele governa melhor, de acordo com sua própria avaliação.
Se há alguma coisa que Lula provou acima de qualquer outra coisa, nesse seu primeiro um ano e meio no Palácio do Planalto, é que está fazendo o pior dos seus três governos. O jogo não acabou, claro, de modo que não dá ainda para se ter certeza, mas a cada dia que passa aumenta o risco de que o Lula-3 seja um desastre mais infame do que foram os dois Dilmas, somados. Mas o problema não está no fato de Lula continuar dizendo, todos os dias, coisas que não fazem nexo. Mania de grandeza em estágio avançado como a que perturba hoje os circuitos mentais do presidente leva a isso mesmo – declarações, em público e em particular, cada vez mais cretinas. O problema é que esse apagão contaminou o seu governo de ponta a ponta, e não há mais a probabilidade de que alguém tome alguma decisão certa. É como se a direção do hospício acreditasse que o Napoleão que comanda manobras no pátio fosse mesmo Napoleão. Não pode dar certo.
O problema é que esse apagão contaminou o seu governo de ponta a ponta, e não há mais a probabilidade de que alguém tome alguma decisão certa
O presidente, desde que foi tirado de sua cela pelo STF e transformado em autoridade máxima do Brasil pelo TSE, criou uma realidade própria para si. É o maior governante que o mundo já viu desde o primeiro faraó, vai ganhar o Prêmio Nobel da Paz e o mundo ficará devendo a ele a solução de todos os seus problemas, reais ou imaginários – da “fome” à “crise do clima”, do fim de todas as guerras à segunda invenção da roda. Diz que Elon Musk não deveria ficar soltando “foguete” por aí, pois os problemas a resolver estão na “Terra” – que nesse tumulto mental viveria sem celular, sem GPS, sem pix, fazendo fila no orelhão e no banco. Acha que o Brasil vai ficar rico construindo, com dinheiro do Tesouro Nacional, navios que ninguém no mundo aceita comprar - a não ser a Petrobras.
É daí para pior, e Lula ainda não chegou nem na metade do mandato. Por uma soma de superstição política, afasia cerebral dos bem pensantes e defesa de interesses privados em modo extremo, ele é tratado cada vez mais como o Rei Nu da fábula, que desfila pelado na rua e é aplaudido como se estivesse vestindo um manto de ouro. Todo mundo vê, mas finge que não está vendo.
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima