| Foto: André Borges/EFE
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   O presidente Lula nos informou, dias atrás, que a “elite” brasileira não está “preparada” para governar o Brasil. É só por isso, aliás, que ele está na presidência: se a elite fosse melhor preparada, pelo que se pode depreender das suas últimas visões, não haveria a necessidade de sermos salvos por ele mais uma vez. “Eu só voltei a governar este país porque queria provar que a elite não sabe governar”, disse Lula num desses seus comícios em circuito fechado em que imagina estar falando para população. É um novo território para a História do Brasil, até agora não mapeado. Ou seja: ninguém sabia que Lula estava feliz da vida na cadeia, pela prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no sossegado desfrute de sua aposentadoria, quando se viu obrigado a ser de novo presidente da República. Se ele não fosse então para o sacrifício, a “elite” iria governar mal o país. Para evitar este problemão, Lula está aí de novo, provando que ele governa melhor, de acordo com sua própria avaliação.

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Se há alguma coisa que Lula provou acima de qualquer outra coisa, nesse seu primeiro um ano e meio no Palácio do Planalto, é que está fazendo o pior dos seus três governos. O jogo não acabou, claro, de modo que não dá ainda para se ter certeza, mas a cada dia que passa aumenta o risco de que o Lula-3 seja um desastre mais infame do que foram os dois Dilmas, somados. Mas o problema não está no fato de Lula continuar dizendo, todos os dias, coisas que não fazem nexo. Mania de grandeza em estágio avançado como a que perturba hoje os circuitos mentais do presidente leva a isso mesmo – declarações, em público e em particular, cada vez mais cretinas. O problema é que esse apagão contaminou o seu governo de ponta a ponta, e não há mais a probabilidade de que alguém tome alguma decisão certa. É como se a direção do hospício acreditasse que o Napoleão que comanda manobras no pátio fosse mesmo Napoleão. Não pode dar certo.

O problema é que esse apagão contaminou o seu governo de ponta a ponta, e não há mais a probabilidade de que alguém tome alguma decisão certa

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   O presidente, desde que foi tirado de sua cela pelo STF e transformado em autoridade máxima do Brasil pelo TSE, criou uma realidade própria para si. É o maior governante que o mundo já viu desde o primeiro faraó, vai ganhar o Prêmio Nobel da Paz e o mundo ficará devendo a ele a solução de todos os seus problemas, reais ou imaginários – da “fome” à “crise do clima”, do fim de todas as guerras à segunda invenção da roda. Diz que Elon Musk não deveria ficar soltando “foguete” por aí, pois os problemas a resolver estão na “Terra” – que nesse tumulto mental viveria sem celular, sem GPS, sem pix, fazendo fila no orelhão e no banco. Acha que o Brasil vai ficar rico construindo, com dinheiro do Tesouro Nacional, navios que ninguém no mundo aceita comprar - a não ser a Petrobras.    

    É daí para pior, e Lula ainda não chegou nem na metade do mandato. Por uma soma de superstição política, afasia cerebral dos bem pensantes e defesa de interesses privados em modo extremo, ele é tratado cada vez mais como o Rei Nu da fábula, que desfila pelado na rua e é aplaudido como se estivesse vestindo um manto de ouro. Todo mundo vê, mas finge que não está vendo.