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Geralmente associamos os erros de gestão com atividades relacionadas ao "fazer", ou seja, que todos conseguem identificar. Quando se faz algo errado as evidências ficam facilmente visíveis aos olhos de todo o time. A partir daí, é muito comum surgirem os mais diversos tipos de críticas dirigidas para quem cometeu o “erro visível”.
Você pode até se surpreender, mas pelo contrário do que a lógica comum indica, os erros mais graves na gestão estão relacionados ao "não fazer". São exemplos clássicos desses comportamentos a procrastinação, a omissão e a negligência.
- Procrastinação: ocorre quando se adia ou deixa para fazer depois aquilo que precisaria ser feito de imediato.
- Omissão: ocorre quando se deixa de dizer ou de fazer algo que era sua obrigação. Esquecer, não levar em conta, preterir são outros elementos que constituem a omissão.
- Negligência: ocorre quando há descuido, falta de atenção ou as atividades são realizadas sem as devidas precauções.
Acontece que os erros originados a partir destes três comportamentos ficam muitas vezes ocultos, não são percebidos nem criticados, e podem até mesmo ser esquecidos. Na maioria das vezes são percebidos somente quando acontece algum incidente grave. A história está repleta desse tipo de erro e, volta e meia, eles são noticiados, exatamente porque possuem o potencial de gerar eventos devastadores.
Quando estive em Harvard, pude observar alguns dos estudos de casos que relatavam exatamente esse tipo de problema. Um deles foi o desastre da nave espacial Challenger, que teve requintes de negligência e omissão por parte de técnicos e gestores, em relação ao escudo de proteção térmica da nave.
A explosão da nave levou todos os tripulantes a óbito, mas nem é preciso ir tão longe para evidenciar problemas dessa natureza. É só reparar nos casos de acidentes terrestres, onde motoristas embriagados negligenciam toda e qualquer regra de segurança. A falta de manutenção em equipamentos, ausência de proteção em cybersegurança são exemplos bem comuns.
No âmbito da preparação de gestores um dos principais temas trabalhados por coaches, mentores e consultores da área comportamental é a de como lidar com a procrastinação e ajudar as pessoas a se livrarem dela. Procrastinação, é muito mais comum do que imaginamos, e um dos principais comportamentos que mata todo e qualquer tipo de iniciativa.
A lista de problemas correlacionados aos comportamentos de "não fazer" é grande, sua existência pode ter um impacto negativo relevante na organização. O custo do "não fazer" pode ser alto e deveria passar a ser medido e avaliado de forma sistemática.
Cabe ao líder ficar de olho nesses comportamentos e desenvolver a cultura organizacional com elementos que estimulem a proatividade e a responsabilidade para que a gestão seja eficaz.