Com a renúncia de Pedro Parente da presidência da Petrobras, na manhã de hoje, as ações da empresa voltaram a cair mais 15%. O preço agora está mais de 40% abaixo do recorde de R$ 27 de apenas duas semanas atrás.
Estou ficando louco ou esta é uma oportunidade incrivelmente óbvia para comprar ações da estatal?
A última palavra acima já sugere uma resposta negativa: “estatal”. Uma estatal de petróleo nunca é um investimento seguro. A empresa está sempre sujeita a intromissões do governo – ainda mais em ano eleitoral, em que a pressão popular por preços baixos de combustível é maior.
Ainda assim, parece que o mercado está reagindo com exagero à renúncia de Parente. Para justificar o pânico, é preciso responder a principalmente uma pergunta:
A saída de Pedro Parente significa um abandono da política de reajustes dos combustíveis?
O temor dos investidores é que Temer resgate o populismo de Dilma Rousseff e controle o preço dos combustíveis a despeito da saúde financeira da Petrobras.
Não me parece que essa guinada vai acontecer. O governo está discutindo um sistema de reajustes que dê alguma previsibilidade aos consumidores (caminhoneiros, principalmente) e não sacrifique as contas da empresa. Provavelmente instituirá uma média mensal para amortecer os aumentos, ressarcindo a Petrobras pelas perdas.
Resta saber quem vai aceitar assumir a empresa diante de tanta pressão e desconfiança. Se o novo presidente tiver orientação estatista, todo o esforço de saneamento da companhia irá ralo abaixo, e as ações cairão ainda mais.
E essa é só uma ponta do problema. A outra é o preço internacional do petróleo. Se ele continuar subindo (o que há duas semanas era uma boa notícia para a Petrobras) pode resultar em mais pessimismo. Com petróleo mais caro, a pressão por reajustes aumenta – assim como a pressão popular contra os aumentos.
Minha aposta é que Michel Temer vai adotar uma saída intermediária: estipular aumentos mensais sem sacrificar as contas da Petrobras. Mas é só uma aposta.
Vale lembrar a velha frase de Warren Bufffett: compre ao som de canhões, venda ao som de violinos. É em momentos de pânico que investidores experientes aproveitam para montar sua carteira.