Quedas nas taxas de juros costumam gerar notícias excelentes na economia. Com empréstimos mais baratos, empresas aproveitam para investir e se expandir. Projetos de ampliação e renovação de portos, estradas e obras de saneamento se tornam viáveis. O desemprego diminui – e as famílias, menos endividadas, consomem mais. O mercado imobiliário se aquece. Os lucros aumentam, o custo das dívidas diminui.
E o principal: fica difícil ganhar dinheiro na renda fixa. Nos tempos de insegurança fiscal, como os da era Dilma, bastava sentar em cima do dinheiro para vê-lo render 15% ao ano. Essa mamata ficou para trás. Agora, com a taxa Selic a 6,5% ao ano, os investidores precisarão se arriscar no mercado de ações para ter algum rendimento considerável.
Diversas pesquisas mostram uma relação inversa entre taxas de juros e valor do mercado acionário. Isso já aconteceu em Bangladesh, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Alemanha, Itália, Japão, México, África do Sul e Espanha, segundo este estudo. Se a taxa cai, a Bolsa sobe.
Não é preciso ser nenhum gênio do mercado financeiro para perceber que, se não houver nenhum susto, o Brasil deve tomar essa direção.
A 4E Consultoria estima que se tudo seguir em ordem a economia brasileira tem espaço para crescer 20% em poucos anos, segundo reportagem da última edição de “Exame”. Já a consultoria MB Associados prevê que a bolsa de São Paulo deve ultrapassar 140 mil pontos até 2022. Hoje o índice da B3 (novo nome da Bovespa) está em 84 mil pontos.
Isso tudo, é claro, só acontecerá se o país seguir na direção de responsabilidade fiscal e controle da inflação que tomou (ou está tentando tomar) desde o impeachment de Dilma. E se nenhuma crise mundial nos surpreender.
É grande a chance de tudo ocorrer conforme o esperado – ou seja, nenhum herói comunista será eleito presidente, os deputados aprovarão a reforma da Previdência em 2019 e o Brasil recuperará o selo de bom pagador nas agências de risco.
Se isso tudo acontecer, caro leitor – espere 200 mil pontos da Bolsa de Valores de São Paulo.
Costumamos projetar para o futuro a percepção do presente. Em tempos de otimismo, como no boom econômico da era Lula, analistas imaginavam o futuro com os olhos do presente e previam que o Brasil seria uma das cinco maiores economias do mundo em 2018.
Hoje parece que cometemos o erro simétrico: projetamos o pessimismo atual para o futuro do país. Mas nada impede que uma lufada de boas notícias, causadas pela queda na taxa de juros, nos surpreenda nos próximos meses.
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