Economia não é exatamente o estudo do dinheiro e das finanças – o tema fundamental dessa ciência é na verdade o modo pelo qual as pessoas fazem escolhas. Todo tipo de escolhas – entre elas, as escolhas amorosas. Abaixo, três conceitos econômicos que ajudam a explicar como nos comportamos durante o sexo e o casamento.
Custo de oportunidade
Custo de oportunidade é aquilo que você deixa de fazer ao decidir fazer alguma coisa. Ao ler este texto, o leitor pode ter decidido não assistir Netflix (admito que seria um custo de oportunidade altíssimo).
Ao fechar um contrato de exclusividade de um ano c0m a Victoria’s Secret, Gisele Bündchen terá que recusar trabalho para empresas concorrentes – este é seu custo de oportunidade.
Para os solteiros, o custo de oportunidade varia com os dias da semana, como afirma o economista Nino Malek neste curso sobre “sexonomics”. Noites de sextas e sábados, mais agitadas, têm um custo de oportunidade maior. Se um solteiro marcar para a sexta o primeiro encontro com uma mulher que conheceu pelo Tinder, perderá toda a noite se o encontro for uma roubada.
“Se alguém sempre recusa sair com você nas sextas ou sábados e sugere um café na segunda ou terça feira, provavelmente essa pessoa não esteja tão interessada de você”, diz Malek. A pessoa acha que o pretendente não vale o custo de oportunidade de uma sexta-feira.
Para os casados, há um custo de oportunidade imaginário que pode ser altíssimo. Casar com alguém pode significar deixar noitadas para trás e não se relacionar com muitas outras pessoas. Esse “peso da vida que não vivemos” leva muita gente a iniciar a separação.
Concorrência
A economista Marina Adshade relata uma descoberta interessante no livro “Dollars and Sex: How Economics Influences Sex and Love”. Segundo ela, nos cursos universitários com muito mais homens que mulheres (por exemplo, matemática ou engenharia mecânica) os estudantes fazem menos sexo casual que nos cursos com mais mulheres, como design ou literatura.
A concorrência explica esse comportamento. Nos cursos masculinos, os homens competem entre si por poucas mulheres. Para conquistá-las, precisam oferecer o que eles mais querem, o que tipicamente é uma relação duradoura. Nos cursos mais femininos, são as mulheres que precisam competir. Por isso se engajam em sexo casual, atividade que os homens costumam preferir. A concorrência melhora o serviço – de acordo com as preferências do consumidor.
Barreira de saída
Na economia, barreira de saída é o custo que um consumidor ou uma empresa precisa bancar para abandonar um negócio. Por exemplo, antes da portabilidade do número de celular, sair de uma operadora significava mudar o número do telefone, ação que pode resultar na perda de clientes e contatos profissionais. As operadoras podiam ser displicentes com os consumidores antigos pois sabiam que, para não perder o número, eles dificilmente abandonariam o serviço.
Casamentos também sofrem do problema da barreira de saída. Um divórcio é sempre uma decisão triste, difícil, dolorosa e cara para o casal. Talvez por causa dessa barreira de saída, é comum casados por muitos anos se comportarem com displicência. Acostumam-se à indiferença e a pequenas grosserias. O amor vai embora – os dois só permanecem na relação por causa da dificuldade da separação. E, nesse caso, não dá para reclamar para a Anatel.