Em 15 de maio de 1648, a companhia de águas do povoado holandês de Honswijk emitiu um título de dívida. Precisava de dinheiro para pagar operários das obras de controle do nível de uma curva do rio Lek, que ameaçava transbordar.
O título valia 1000 florins e prometia juros de 5% ao ano, pagos a cada semestre. Era um “perpetual bond”, ou seja, não tinha data de pagamento do valor principal. A companhia só deixaria de honrar os juros se recomprasse o título.
Séculos passaram, e os pagamentos de juros foram sendo marcados nos espaços em branco do pergaminho (o contrato foi escrito em pele de cabra). Quando o espaço acabou, um anexo de papel passou a registrar as quitações.
Num leilão de 2003, a Universidade Yale comprou o acervo de documentos antigos da companhia de águas de Honswijk, que havia sido incorporada pela de Utrecht. Ao analisar o material, os pesquisadores de Yale perceberam que havia ali um documento ainda vivo – o contrato de dívida emitido em 1648. O título provavelmente tinha sido recomprado pelo emissor e arquivado.
Como o documento é um título ao portador (que dá direitos a quem o possui), a universidade poderia utilizá-lo como um ativo financeiro. O anexo de papel mostrava que o pagamento estava atrasado havia 26 anos. Em 2015, um professor de história das finanças levou o título até o departamento de contabilidade da companhia de águas de Utrecht. Recebeu 136 euros de juros.
O título perpétuo de Honswijk não é exatamente um documento do passado – pois vale ainda hoje. É uma amostra preciosa da magia do mercado financeiro e suas ferramentas que, baseadas em confiança, possibilitam obras, empreendimentos e socorro em momentos de calamidade.
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