Lula e o ex-presidente do Irã, Ebrahim Raisi.| Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Na semana passada, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tornou público o indiciamento de três pessoas que planejavam um atentado contra a vida de Donald Trump. Segundo o FBI (a polícia federal dos Estados Unidos) um iraniano e dois americanos atuaram sob a coordenação do regime iraniano. O mesmo Irã, apadrinhado pelo governo brasileiro, é o que contrata pistoleiros para matar oponentes. No caso, vale relembrar, trata-se de um ex-presidente que acaba de ser eleito para um novo mandato nos Estados Unidos. Alguém ouviu algum pio do Brasil? Leu alguma nota de condenação?

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Para fazer justiça ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao supra chanceler Celso Amorim, ao Itamaraty, ninguém falou nada. A normalização do comportamento bandoleiro do Irã e seus aiatolás com tensões atômicas, em si, já é hedionda. Mas como se não bastasse, ela tem vindo acompanhada de constantes afagos e prêmios.

Enquanto todo mundo teve a atenção fisgada pela crise entre Brasil e Venezuela na mais recente Cúpula dos Brics, em outubro, o Irã foi admitido no bloco sem chateação. Na realidade, desfilou pela passarela antiocidental, que virou o grupo, em estado de graça. No ano passado, o Brasil abriu seus portos para embarcações militares iranianas que aportaram no país com o objetivo de provocar os Estados Unidos.

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O silêncio mundial, e em especial do Brasil, sobre o plano de atentado quando comparado com outro evento, que foi o tiro que atingiu de raspão a orelha do ex-presidente Trump, dá a dimensão de quão tolerante os governantes são diante da estratégia flagrante do Irã de testar e derrubar limites para seus objetivos.

Enquanto o mundo move a linha vermelha adiante cada vez que o Irã pisa sobre ela, criando uma nova margem para que o regime conquiste casas rumo ao seu objetivo final (spoiler: armas nucleares são apenas o meio para chegar ao que eles querem), os parceiros do regime se aproveitam da parcimônia global e se utilizam daquela ditadura para desorganizar o mundo.

Os atentados do Hamas contra Israel, em outubro de 2023, que deram origem a uma guerra, foram financiados e estimulados pelo Irã. Os foguetes que o Hamas e o Hezbollah lançam quase diariamente contra Israel também são presentes do Irã. Os drones suicidas, usados contra a população civil na Ucrânia, são fornecidos a Putin pelo Irã. 

Os terroristas que disputam o controle do Iêmen e desestabilizam uma das principais artérias do comércio marítimo global, com sequestro e assassinato de tripulantes de navios cargueiros – que em alguns casos foram afundados –, também são bancados pelo Irã. A lista é longa. Bem longa.

Internamente, o Irã oprime as mulheres e persegue aquelas que saem um milímetro da linha imposta pela ditadura. Condena a prisão, tortura mulheres que resistem a cobrir a cabeça. Sentencia à morte mulheres definidas como adúlteras e homossexuais. Reprime críticos e os envia para prisão em meio a processos judiciais de fachada. É uma ditadura das piores. Mas que conta.

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Sob Lula, o Brasil abraçou o Irã e abriu vários caminhos para a teocracia, inclusive o que os levou a entrar nos Brics

Engana-se quem pensa que o PT, Lula, Amorim fazem o que fazem apenas por ideologia, antiamericanismo ou a falácia do mundo multipolar e o tal Sul-Sul. As ações do Brasil nos Brics (e em vários outros fóruns) precisam ser lidas como respostas às determinações de China e Rússia que são quem dá as cartas nos Brics e pautam os seus aliados.

Embora seja possível afirmar que a diplomacia lulista não vê problema algum no Irã, o que já explicaria a imoralidade do patrocínio à entrada da ditadura nos Brics, é conhecida de longa data a ideia fixa da dupla Lula-Amorim para conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. 

Além de todos os fatores já citados e que não custa repetir: ideologia, antiamericanismo ou a falácia do mundo multipolar e o tal Sul-Sul. A explicação para as ações do Brasil não pode desconsiderar a megalomania do presidente petistas que pensa que poderá ditar os rumos do mundo em um Conselho que não apita mais nada.

Com a eterna promessa de endosso à entrada do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, China e Rússia ficam na posição de quem puxa as cordas e, assim, move o Brasil conforme as suas vontades. Sob a fachada de que estão se desvencilhando dos Estados Unidos, Lula e Amorim transformam o Brasil em boneco de ventríloquo de Pequim e Moscou. Há quem veja vantagem nisso. Sempre há.

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