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A eleição de Joe Biden, em novembro de 2020, causou comoção. Muita gente se sentiu aliviada por se livrar do intragável Donald Trump e alimentou a esperança colegial de que o democrata faria um lugar melhor do mundo que o seu antecessor havia tanto se esforçado para estragar. Vice-presidente em uma administração altamente popular – dentro e fora dos Estados Unidos –, Biden empolgou. No Brasil, não faltou quem visse semelhanças com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é o único opositor eleitoral do presidente Jair Bolsonaro.
Houve até quem visse algo ainda mais virtuoso como resultado das eleições americanas. Economistas petistas recomendaram o modelo econômico de Biden como o caminho a ser seguido pelo Brasil (leia-se Lula), a tal Bidenonics. Vá entender.
A realidade se mostrou mais dura e complexa. Para reativar a economia americana baqueada pelos efeitos globais da pandemia de Covid-19, Biden optou pelo populismo e endividamento. Distribuiu dinheiro grátis em programas de assistência e inflacionou a economia de um país desindustrializado. Há quem estime que, de cada dez dólares que o governo injetou na economia, algo entre seis ou oito foi parar na economia chinesa, onde são produzidos desde as quinquilharias até alguns dos insumos críticos para produção de medicamentos. Gerando inflação e quase nenhum investimento.
Sua administração levou o país a ter taxas de inflação recorde e, mesmo assim, ele segue comandando como se o principal problema dos Estados Unidos fosse a urgente adoção de pronomes neutros e a mitigação do aquecimento global.
O resultado tem sido trágico. Inflação significa empobrecimento. E quem mais sofre com esse processo (como muito bem se sabe no Brasil) são aqueles mais pobres.
O resultado é que Biden e sua Bidenomics, como se celebrou no mundo acadêmico subtropical, se revelou um mico. A maior economia do mundo sofre em praça pública e a popularidade do presidente virou pó. Nem seus correligionários estão dispostos a apoiá-lo. A tragédia política é tão profunda que até a sua vice e uma das grandes estrelas do Partido Democrata tem seu futuro político comprometido pelo fisco da administração.
Biden virou uma espécie de Dilma Rousseff americana.
Pouca gente se lembra ou não faz questão de se lembrar de que o Brasil – aquele país que decolava rumo ao desenvolvimento – embicou para baixo e por pouco, muito pouco, não se espatifou no chão.
O gráfico abaixo é um comparativo da evolução do PIB per capita da China e do Brasil desde 1980, quando o país asiático abriu a sua economia. Entre altos e baixos, o Brasil seguiu uma crescente até 2011, quando Dilma Rousseff assumiu a presidência.
Lula e o PT quebraram o Brasil para eleger Dilma. A vice que tinha a missão de seguir com o legado de crescimento e fartura, que hoje Lula evoca como lembrança dos bons tempos de seu governo, não foi capaz de desarmar a bomba.
O futuro do Brasil foi rifado pelo esforço de perpetuação no poder. A curva descendente que teve início em 2011 é o atestado de uma tragédia. Mas muita gente anda esquecida, ou faz questão de parecer estar.
O esquecimento do fiasco permite que seus responsáveis reapareçam oferecendo o mesmíssimo modelo que tirou o Brasil da rota do desenvolvimento.
Este segundo gráfico mostra que as coisas só voltaram a melhorar depois do impeachment de Dilma Rousseff. Mostrando que o estrago foi muito mais profundo que o estrago fiscal e institucional que ganhou o nome simpático de “pedaladas”.
O Brasil que Lula e Dilma quase quebraram estava inserido em um cenário econômico global infinitamente mais favorável. As irresponsabilidades e incompetências eram mitigadas pela bonança.
Mas o vento mudou.
O mundo está em crise e a gordura acumulada no petismo foi consumida pelo próprio petismo. O Brasil que começa a se reerguer, como se vê no gráfico acima, não tem margem para a repetição dos erros do passado que a equipe econômica (?) de Lula parece estar disposta a reeditar, como o ex-presidente candidato não se cansa de se gabar.
Biden está longe de quebrar os Estados Unidos, como fizeram Lula e Dilma Rousseff. Mas sua administração tem potencial de entrar para a história como trágica. Assim como foi a da petista.