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Leonardo Coutinho

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Brasil, América Latina, mundo (não necessariamente nesta ordem)

Lula

De abstenção em abstenção, o Brasil se alia ao eixo do mal

O abstencionismo do atual governo mostra ao mundo que o Brasil, sob Lula, é um capacho de bandoleiros. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Nesta semana, o Brasil (leia-se governo Lula) se absteve em uma votação sobre crimes de guerra cometidos pela Rússia, desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Entre os pontos estava a obrigação do regime de Vladimir Putin devolver centenas de crianças ucranianas sequestradas e enviadas à Rússia para serem reeducadas.

A diplomacia lulista se absteve em uma votação que tinha entre os seus elementos a exigência de que crianças fossem devolvidas para seus pais ou familiares próximos. Uma posição de falsa neutralidade que colocou o país do lado do que há de pior no mundo.

Na moral da diplomacia lulopetista, devolver crianças que foram forçadamente tiradas dos pais e expatriadas parece não ser algo digno de reparação.

As abstenções são geralmente justificadas como posição de neutralidade. Em alguns casos elas são úteis para resguardar as condições de um mediador naquele tema em discussão. Mas não é o caso do Brasil.

O governo Lula se alistou nas fileiras de Putin. Ao abster-se, portanto, sua diplomacia se esconde atrás da “neutralidade” para ajudar os russos – e qualquer outro regime de camaradagem com o lulopetismo.

No final de novembro, o Brasil também se absteve em uma votação na Assembleia Geral das Nações Unidas que condenava o regime do Irã pela repressão sistemática contra mulheres, minorias e manifestantes.

Parece que segundo a moral da diplomacia lulopetista devolver crianças que foram forçadamente tiradas dos pais e expatriadas parece não ser algo digno de reparação

Em outubro, o Brasil repetiu a estratégia em votação sobre a Venezuela no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Tratava-se de um pedido de renovação do mandato de uma missão de investigação de violações de direitos humanos naquele país. Pelo silêncio, o Brasil se posicionou ao lado de Maduro, talvez tentando salvar o mínimo de interlocução com o regime que, pelo menos em público, deu uma banana para Lula e seu chanceler de fato Celso Amorim.

Meses antes, em julho, o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) colocou em votação uma resolução para exigir transparência ao governo da Venezuela sobre o resultado do simulacro de eleição que Nicolás Maduro realizou para se manter no poder. Acostumado a mexer nos resultados, o ditador venezuelano se viu encurralado pela estratégia da oposição que teve a esperteza de compilar as atas eleitorais e fazer uma apuração paralela. Estratégia que resultou na prova inconteste de fraude por parte do regime de Maduro.

Mas o Brasil também se absteve juntamente com outros dez países. Sabe o que aconteceu? O documento que colocaria pressão sobre Nicolás Maduro foi rejeitado. Por apenas um voto, Maduro foi salvo do constrangimento. Um voto.

O poço não tem fundo. Em abril, o governo brasileiro se absteve na votação no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e deixou de apoiar um pedido de extensão do prazo de trabalho da comissão de inquérito sobre crimes de guerra na Ucrânia. Quando essa mesma comissão foi criada em março de 2022, o Brasil votou favoravelmente pela criação. Era outro governo.

Dois anos depois, já com Lula dando as cartas, o Brasil recorreu ao recurso da abstenção. Afinal, para quê melindrar o companheiro Putin?

Naquele mesmo mês, a delegação brasileira emplacou mais uma decisão desonrosa. Preferiu se abster em uma votação sobre a criação de uma missão internacional que investiga violações de direitos humanos na repressão do Irã às manifestações por direitos das mulheres.

Considerando o personagem que o PT, o governo e o próprio presidente incorporam no cenário doméstico, as posições do Brasil sob a diplomacia lulopetista parecem contraditórias. Mas um olhar mais atento permite ver que não. Está tudo no lugar, conforme o jeito de ser do partido.

A combinação de ideologia, aversão às democracias ocidentais (em especial antiamericanismo), idolatria as ditaduras de esquerda, orfandade da União Soviética e amoralidade ajudam a entender que para quem lida com maneiras diferentes sobre o mesmo tema não vê problema algum em fazê-lo se isso contribuir para o mesmo objetivo de poder.

Lula é de longe o presidente que mais sonha em conseguir para o Brasil uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Colocou na cabeça que o Brasil é tão, mas tão relevante que não faz sentido não ter esse lugar de destaque na definição dos destinos do mundo. 

Com poder de veto, o Brasil poderia barrar movimentos equivocados da ONU e dos Estados Unidos, em especial. O abstencionismo da diplomacia lulista mostra para o mundo o contrário. Mostra um país errático, que muda de rumo de governo a governo. Sob Lula, um capacho de bandoleiros. Um país que vota – ou deixa de votar – para aliviar a barra do que há de pior no mundo.

Feliz Natal. 

Conteúdo editado por: Aline Menezes

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