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O bilionário Elon Musk publicou em sua rede o X o seguinte: “A maioria dos americanos ainda não sabe que o censo conta TODAS as pessoas, inclusive imigrantes ilegais, para decidir quantos assentos na Câmara cada estado recebe! Isso faz com que os estados democratas obtenham cerca de 20 cadeiras a mais na Câmara, o que é outro forte incentivo para que eles não deportem os ilegais”.
Musk anda meio doidão. Como parte de sua cruzada anti-woke e sua crítica ao Partido Democrata, ele tem comprado como certa muita coisa da propaganda russa. Mas ele mais acerta que erra. O post reproduzido no parágrafo anterior é um dos casos em que ele foi certeiro.
As pessoas tendem a pensar que as eleições se resumem a depositar um voto na urna eletrônica. Quando muito, o período chamado eleitoral é dividido entre “pré-campanha” e “campanha”. Mas não é bem assim. Os processos eleitorais são complexos e muito mais longos do que os períodos formais em que os políticos saem à caça de votos.
Há sinais claros de que imigração ilegal está sendo usada como arma pelos inimigos dos EUA. Ou seja, para o ataque
Quando os políticos usam os imigrantes para redesenhar demograficamente um colégio eleitoral, como alertou Musk, eles estão praticando ações eleitorais. Por que não chamar isso de fraude eleitoral?
Algumas pessoas não entendem que o que acontece no dia da eleição às vezes é afetado por uma longa cadeia de eventos muitas vezes aparentemente irrelevantes ou não conectados com o voto.
Não estou acusando ninguém de roubar votos ou adulterar o resultado das urnas. Até porque não acredito que isso seja necessário para manipular o processo. O alerta de Musk é um exemplo perfeito de como as fraudes acontecem antes, embora de outras maneiras tão sofisticadas que, tecnicamente, nem poderiam ser chamadas de fraude.
Estados que estão recebendo milhares de imigrantes ilegais como destino final não por acaso têm maioria democrata. Musk estima que o partido do atual presidente Joe Biden deve ganhar, com isso, pelo menos mais 20 cadeiras na Câmara, aumentando significativamente seu poder.
Uma investigação do Center for Immigration Studies (CIS), com sede em Washington, D.C., revelou, com base em documentos obtidos pela FOIA (a lei de transparência americana), que, além daquela multidão que invade os Estados Unidos pela sua fronteira sul, nada menos que 320 mil pessoas originárias de Cuba, Haiti, Venezuela, Nicarágua, El Salvador, Guatemala, Honduras, Colômbia e Equador ingressaram na América valendo-se de um aplicativo oficial, criado pela administração para encurtar o processo e reduzir a pressão na fronteira sul. O bizarro, segundo a denúncia, é que o pessoal foi embarcado sem visto nos aeroportos de vários países e trazido para os Estados Unidos em voos pagos pelo governo. E a formalização da ilegalidade.
Há sinais claros de que imigração ilegal está sendo usada como arma pelos inimigos dos EUA. Ou seja, para o ataque. O alerta de Musk e a descoberta do CIS mostram que ela também virou arma interna, no contexto eleitoral. Ou seja, suicídio. Uma forma sofisticada e silenciosa de fraude que passa muito longe da tolice de achar que se rouba eleições mexendo nas urnas.
O populismo, o oportunismo e a fraude estão degradando o conceito de imigração de qualidade por meio de um processo de invasão incentivada
Os Estados Unidos são uma nação de imigrantes. Mas o que está acontecendo no país não tem absolutamente nada a ver com imigração. O populismo, o oportunismo e a fraude estão degradando o conceito de imigração de qualidade por meio de um processo de invasão incentivada – seja pelos inimigos externos, seja pelos oportunistas domésticos.
A explosão de casos de crises envolvendo imigrantes – justamente destes países listados no “programa portas abertas” (o nome é invenção minha) de Biden – é um dos efeitos colaterais do problema. Soma-se a isso os custos sobre as cidades receptoras, que estão torrando milhões de dólares com abrigos e outros programas sociais.
Este será um dos temas centrais da disputa eleitoral. Infelizmente, tendo a acreditar que ele descambará para a superficialidade, quase xenófoba, e não tocará no cerne da questão que é a instrumentalização da imigração, seja como arma contra os Estados Unidos, seja como fraude eleitoral.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos