O presidente eleito Donald Trump mandou um recado para os mexicanos: ou vocês param de fazer corpo mole com os imigrantes ilegais, que invadem os Estados Unidos pela fronteira sul, ou os produtos que o México exporta para os Estados Unidos receberão uma tarifa de 25%.
A cobrança de Trump se estende a um real compromisso no combate aos cartéis de drogas. Além de cocaína e maconha, os mexicanos lideram os envios de fentanil, um opioide responsável pela morte por overdose de 97.000 entre junho de 2023 e junho de 2024.
Como 83% das exportações do México têm como destinos os Estados Unidos, a mensagem de Trump forçou a recém-empossada Claudia Sheinbaum a conversar. Depois de uma chamada como o próximo presidente americano, Sheinbaum avisou que as caravanas de imigrantes, que voltaram a aparecer depois da eleição, não chegarão a tocar a fronteira com os Estados Unidos.
Não é possível afirmar se Sheinbaum vai conseguir cumprir isso. Mas o fato é que, mesmo antes da posse, Trump pode estar colocando ordem na casa.
A decisão de Trump de ameaçar o México com tarifas não deve ser lida como “guerra comercial”. É guerra pura e simples. Sim, guerra. O uso do instrumento comercial está sendo empregado como arma em resposta à imigração usada como arma.
Só não vê quem não quer: as ondas de imigrantes, que chegam aos Estados Unidos, são manejadas pelo crime organizado e são estimuladas, e até patrocinadas, por regimes rivais como os de Nicolás Maduro, da Venezuela; e Daniel Ortega, da Nicarágua
O arrefecimento no número de ilegais que chegavam na fronteira Sul dos Estados Unidos durante a campanha presidencial, por exemplo, teve influência direta dos cartéis, que represaram as pessoas em galpões no Sul do México, controlando o fluxo com o objetivo de influenciar o debate eleitoral nos Estados Unidos, dando à então campanha Democrata um alívio e argumento para dizer que estava tomando as rédeas da fronteira.
A vitória de Trump, com a promessa de tolerância zero na fronteira, provocou uma nova corrida, com a abertura das “comportas” que os cartéis tinham fechado temporariamente. É uma espécie de salve-se quem puder.
A decisão de Sheinbaum de iniciar as tratativas com Trump, mesmo antes de ele assumir a presidência dos Estados Unidos, em janeiro, revela uma série de pontos que devem ser considerados em contexto. O primeiro é que Trump acertou em enquadrar os mexicanos. A reação Sheinbaum é o atestado disso. Mas Trump não pode parar. O México não é o único problema.
Ainda que ele transforme o país em um tampão na fronteira, ele terá que encarar Ortega e Maduro, que alimentam a imigração, e ajudar os países da América Central a combater o crime organizado e a encontrar um caminho de desenvolvimento. O melhor caminho seria a transferência das cadeias de valor da China para o continente americano. E para quem não colaborar, mais tarifas.
Outro ponto relevante a ser considerado é que Trump já governa passivamente. Biden e Harris desapareceram. Pelo menos no quesito fronteira, a Casa Branca, que fez um trabalho horrível nos últimos quatro anos, praticamente deixou de existir.
Trump prometeu deportações massivas que são difíceis de serem realizadas. O que se pode esperar com certeza é o fim da tolerância que levou as autoridades migratórias a liberar a entrada indiscriminada nos Estados Unidos. Quem for pego na fronteira vai voltar para casa. Quem for flagrado em qualquer delito e não tiver “os papéis”, vai voltar para seu país de origem.
Criminosos que estão se sentindo no direito de reproduzir nos Estados Unidos o clima de violência que geram em El Salvador, Venezuela ou Haiti, por exemplo, também perderão a proteção.
Ainda que Trump não consiga deportar na escala prometida, ele terá obtido uma grande vitória ao estancar a imigração descontrolada. As tarifas que poderão ser aplicadas ao México são o primeiro grande golpe.
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