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“Ageism” é uma palavra relativamente nova do inglês. Foi cunhada em 1969 para definir a discriminação contra idosos. Em português, o equivalente é etarismo. Os defensores da candidatura à reeleição do presidente Joe Biden recorriam ao conceito para rebater os críticos da idade do líder americano, que em novembro completará 82 anos.
A lista de deslizes, tropeços, ausências e cochilos de Biden acendia um sinal de alerta entre os apoiadores e atiçava os rivais. O peso da idade para Biden era visível, mas sempre havia quem o defendesse. Mas, o debate com o presidente Trump transmitido pela CNN na última semana jogou por terra o argumento.
Biden foi trucidado. Não por Trump, mas pelo peso da idade e por algo mais que pode estar associado a ela. Biden não está bem. Não mesmo
O contraste entre o presidente Biden e seu rival Trump foi aterrador. Testemunhar o desempenho de Biden era angustiante, e não se tratava de gostar ou não de um ou de outro. É uma questão de humanidade. A velhice tem seu peso. E em Biden, ela está pesando demais. O peso é tanto, que não parece ser só a idade que afeta seu desempenho.
Não há etarismo algum. É importante saber a hora de parar.
O Partido Democrata e sua família deveriam protegê-lo de sangrar em público. A exposição de um homem que não dá mais conta de perceber que o debate acabou, e que precisa ser guiado do palco pela esposa, não é respeitoso. Não é amoroso. É desumano.
O espetáculo foi tão triste que na mesma CNN – que transmitiu o debate e tem adesão declarada ao presidente – os comentaristas recomendaram que o Partido Democrata encontrasse um substituto. As frases foram ditas enquanto Biden ainda estava nas instalações da emissora em Atlanta, no estado da Geórgia.
Biden já perdeu a eleição. Perdeu para o peso de sua idade e tudo que vem associado a isso.
Se o Partido Democrata insistir que o voto anti-Trump e a simpatia de Biden serão suficientes para elegê-lo, e garantir a Casa Branca para Kamala Harris, eles entregarão a eleição de novembro de bandeja para Trump.
O republicano não precisou fazer nada ontem. Trump foi o Trump de sempre. Deu umas pauladas em Biden. Apontou as fragilidades e os erros da administração atual. Prometeu respostas ao seu estilo e foi magnânimo com o oponente. Um comportamento bem diferente do demonstrado nas redes sociais.
Enquanto o Trump da internet trata Biden como um velho gagá, o Trump da tribuna do debate não foi abusivo. Não desdenhou. Não jogou Biden nas cordas. Ele fez isso por ter bom coração? Claro que não. Fez um cálculo e viu que não precisava. Biden caiu sozinho.
Os próximos dias devem marcar o novo rumo da campanha presidencial. Talvez o debate desta semana tenha sido o último entre Biden e Trump. Não há como ter outro. Não há como achar que a disputa é para valer tendo Biden como candidato.
Mas os democratas terão a coragem de assumir o erro e trocar de candidato enquanto ainda dá tempo?
E como vão as coisas no Brasil?
Será que o PT tem parado para pensar que em 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva completará 81 anos, a mesma idade de Biden hoje? Em sua “luladependência” incurável, o PT só fala de reeleição desde o dia em que Jair Bolsonaro perdeu a disputa em outubro de 2021. O próprio Lula só pensa em se perpetuar até 2030, com 85 anos.
O Lula de hoje não é a sombra do Lula de 2003, tampouco do Lula que deixou a presidência em janeiro de 2011. O presidente do Brasil é errático, inconsistente e tem dado sinais evidentes de que muitas vezes não tem a compreensão do reflexo de seus atos.
Muitos acham que Lula está fazendo o que faz com a economia - metendo o Brasil no atoleiro - por compromisso social. Que faz o que faz na política externa, transformando o Brasil em mordomo da China, laranja da Rússia e guarda-chuva de tiranetes latinos, por ideologia. Que fala barbaridades por causa da naturalidade.
O problema é que sem um substituto, o presidente Lula está condenado a ser usado pelo PT até o fim. O tempo passa, e o peso da idade - que hoje é visível também em Lula - terá uma sobrecarga ainda maior sobre ele e seus atos.
Biden é Biden. Lula é Lula. O Partido Democrata é o Partido Democrata. O PT é o PT... É aí que mora o perigo.
O crepúsculo das faculdades de Lula é algo que precisa ser encarado. Não se trata de gostar ou não do petista. Se trata de olhar para os Estados Unidos de hoje e ver a desumanidade de sugar até o tutano dos olhos de um político.
O custo para um partido que não foi capaz de construir lideranças. É uma conta que não tem legenda. Todo mundo paga. A alta do dólar, a fuga de investimentos e a estagnação do Brasil não são obras do acaso. São resultados de falas e atos descomprometidos. A tendência é piorar.