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“Você entendeu?” Assim termina a maioria das explicações do estudante José Maria Souza de Oliveira, de 17 anos. Não é mania: é que, desde que começou o curso de Engenharia Civil de Infraestrutura na Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, no início do ano, ele se acostumou a fazer a pergunta sempre. O sotaque potiguara e a fala rápida são difíceis até para os brasileiros. Para os estrangeiros, que são metade da turma, é ainda pior. “Se a pessoa não perguntar, eles não dizem que não entenderam”, explica.
José garante que é coisa da sua cidade de origem. Em Assú, no Rio Grande do Norte, todo mundo fala rápido. Os colegas – catarinenses, amazonenses, bolivianos e paraguaios, dentre outros – não estão acostumados. A mais de 3,6 mil quilômetros de casa, no entanto, são as diferenças que mais lhe interessam. “A ideia de integração e união da Unila me atraiu muito”, diz José, que escolheu a universidade em Foz do Iguaçu apesar de ter conseguido vagas dentro de seu estado.
Apesar de cursar Civil, ele tem jeito para a Comunicação.
O estudante tem um blog, o JmCriat (jmcriat.blogspot.com), onde publica logotipos, fotos, cartas, música, poesia a até quadrinhos que cria. E é no blog que José conta a “novela” de seu ingresso na Unila – que ele chama de “A Travessia”. Em 14 capítulos, ele conta todos os passos desde a aprovação na universidade, no início de fevereiro, até a chegada em Foz, no final de março.
A “aventura” mobilizou prefeitos, secretários, vereadores, associações, cooperativas e radialistas, todos empenhados em ajudar o “menino do Paraná”, apelido que ganhou entre as secretarias municipais com que teve contato. José diz que o esforço valeu a pena. “Mas minha vida não acaba por aqui. Tenho de me esforçar muito mais. Coisas maiores vão aparecer e tenho de estar preparado para isso”, diz José. A travessia que o “menino do Paraná” fez entre a sua Assú e Foz do Iguaçu já havia começado há tempos, e parece que ainda vai longe.
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