O Papo Universitário da Gazeta do Povo debateu nesta quarta o tema “Diários secretos e apatia juvenil” no Teatro Paiol, em Curitiba.
Os convidados foram Adriano Codato, professor de Ciência Política da UFPR; André Gonçalves, correspondente da Gazeta do Povo em Brasília; Ana Luisa Fayet Saad, antropóloga especializada em jovens; e Paulo de Rosa Júnior, presidente da União Paranaese de Estudantes.
Acompanhe abaixo o que rolou na cobertura em tempo real. Sua participação foi essencial.
22h
A primeira edição do Papo Universitário 2010 termina, mas o próximo encontro está marcado: 16 de junho. Até a próxima!
21h55
Na última pergunta, uma participante questiona a baixa participação das mulheres nos movimentos estudantis. Ela ainda pergunta de que forma a ação política é pautada pela institucionalização.
Ana Luisa diz que não sabe responder quais temas são capazes de mobilizar as pessoas, e que a grande política ainda está para ser construída. André Gonçalves fala sobre a necessidade da reforma política, que há anos está à espera de votação. Ele diz ainda que outro tema que merece atenção é a questão dos ficha-suja. Ele diz que este é o momento para se cobrar isso.
Codato diz que política é muito importante para ser deixada nas mãos dos políticos, porque os políticos representam muito seus interesses. Exemplo disso, para ele, é a resposta de Nelson Justos para a crise causada pela série Diários Secretos, um mês após o início das denúncias: onde foi que nós erramos.
Paulo encerra sua participação dizendo que, ao contrário do que se pensa, se afastar não é o melhor, o melhor é tomar conta da política e dar a ela sangue novo. É preciso saber preparar o público do privado e quebrar o individualismo impregnado na sociedade. Cada um tem de saber da sua responsabilidade, colocar o coletivo além do individual.
21h45
Trazer o jovem para o movimento estudantil é o desafio da UPE, assim como representar a todos os estudantes, diz Paulo de Rosa Júnior.
André Gonçalves diz que não se pode culpar apenas os estudantes e jovens pela apatia. Ele dá a dica: os estudantes podem fazer manifestações mais criativas.
21h30
Ricardo pergunta, da plateia: qual é a relação da estabilidade econômica para a ação, mobilização da população?
Adriano Codato responde que quando há uma grande questão a sociedade se mobiliza mais. Numa democracia estabilizada como a brasileira não há grandes temas que catalizem grandes movimentos. Ele lembra que no Brasil há uma grande mudança, um operário está no poder. Mesmo assim há uma frustração porque, mesmo que a renovação aconteça, o sistema político produz corrupção, ele favorece a corrupção. Para ele o movimento central para se pensar é o financiamento de campanha. As campanhas eleitorais brasileiras são as mais caras do mundo, diz. O sitema judicial também permite recursos e estratagemas. “Gostaria de pensar que o Bibinho continará preso.”
21h20
Na platéia do Papo estão muitos estudantes do Movimeto Os Caça Fantasmas, da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas.
21h10
Pergunta do internauta Anderson Maia: “Sempre suspeitei que minha forma particular de ‘manifestação’ e ‘pensamento’ político (se é que poderia chamá-los de pensamento) estavam errados. Me sinto muito mal sabendo que contribuo para a corrupção sempre que voto. Também não sabia que a corrupção estava assim tão intimamente ligada ao voto. Gostaria de saber qual seria a melhor forma para deixar de ser apático e de deixar de votar de forma errada.
Ana Luisa responde que há mecanismos de investigar a vida dos políticos, seu passado, se têm ficha suja, principalmente por meio da internet.
21h
A população não sente na pele as diferenças entre os governos de PSDB e PT, diz Rafael. O estudante Jeferson, da FAE, fala sobre o movimento estudantil na instituição de ensino em que estuda. Segundo ele, que é presidente de Centro Acadêmico, os movimentos solidários trazem os jovens para a política. Ele pergunta se o voluntariado tem a capacidade de trazer o jovem mesmo.
Codato diz que os espaços institucionais não conseguem promover sentimento de pertencimento e reconhecer as demandas dos jovens. Se eles não fazem isto, as pessoas não se interessam. Sobre o trabalho voluntário, uma pesquisa mostra que o voluntariado é extenso, muito mais que o engajamento político, no Brasil
20h55
Não existe um grupo de jovens ligado à política, mas grupos de jovens de diferentes características, diz Ana. Codato lembra das expressões que se referem aos grupos de jovens. Quando estudantes de classe média se movimenta são chamados de um grupo de jovens. Quando estudantes da periferia se movimentam são chamados de gangue.
20h45
A professora Ana Luisa Fayet Saad fala como os jovens se inserem no movimento estudantil. Estudante de sociologia pergunta quem é o jovem que se mobiliza e se o número é expressivo. Questiona, ainda, porque a sociedade em geral tem a impressão de apatia.
A professora Ana Luisa fala que a o jovem engajado é um tipo diferente de jovem e que há múltiplas formas de identificá-los.
20h30
O estudante Claudio expõe sua indignação e pergunta para a platéia quem acha que tudo vai acabar em pizza. Muitos levantam as mãos. Outro participante questiona se a ideologia de esquerda de grande parte dos movimentos estudantil não afasta estudantes que não têm a mesma inclinação. O presidente da UPE diz que não há como pensar em limitar a manifestação, principalmente porque muito se lutou para que a liberdade fosse alcançada.
André Gonçalves lembra que a UNE esteve perto de declarar apoio ao PT, no último encontro nacional, mas decidiu se manter apartidário.
20h20
Luigi lembra sobre o movimento dos “caras-pintadas”, em 1992, que se manifestaram em favor do impeachment de Collor. E pergunta para Paulo de Rosa Júnior, presidente da UPE, sobre a apatia juvenil.
Rosa Júnior responde que a apatia não é apenas dos estudantes, mas da sociedade em geral.
Adriano Codato diz que a sociedade está afastada porque a política não empolga mais e que o governo do PT acabou com a utopia de que a política pode mudar. A militância política, para ele, está em outras áreas, nos movimentos hip hop, por exemplo.
20h
O moderador Luigi Poniwass abre o Papo Universitário, lembrando sobre a campanha Voto Consciente lançada no último fim de semana pelo grupo RPC.
Ele apresenta os convidados.
19h40
Os estudantes aguardam o início do Papo. Falta pouco para começar e o Teatro Paiol já está quase lotado. Nos bastidores, os convidados também esperam o início do evento.