No último dia 16 de outubro, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, esteve em uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, para falar sobre o enfrentamento aos incêndios florestais que atingiram o país nos últimos meses.
Na ocasião, de forma previsível, enfrentou duras cobranças dos parlamentares da oposição, alguns compreensivelmente exasperados com o radicalismo imposto por ela desde o seu retorno ao ministério, seguindo a notória linha antidesenvolvimentista favorecida pelo aparato ambientalista-indigenista internacional, do qual é a principal representante no Brasil.
O presidente da Comissão de Agricultura, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), criticou o que chamou “retórica de militância” da ministra, afirmou que ela não respondeu adequadamente aos questionamentos feitos e usou de ironia para “dar parabéns para quem a treinou e até esse adestramento para ter essa postura (Agência Câmara de Notícias, 16/10/2024)”.
O deputado Ricardo Salles (Novo-SP), ex-ministro do Meio Ambiente, recordou as críticas que lhe foram feitas quando estava no ministério pelo grupo político ao qual pertence à ministra: “Muitas das dificuldades que a senhora está enfrentando eu passei na época do ministério. Por uma questão de enviesamento ideológico, secretarias de estado e órgãos federais não permitiam, por exemplo, que se fizesse a queima prescrita ou controlada no momento certo. E os xiitas que ocupam às vezes esses órgãos não deixam fazer. E aí, nós temos uma discussão dogmática, que não respeita nem o Código Florestal.”
Já a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) fez duras críticas à influência das ONGs ambientalistas na política ambiental, chegando a rotular a ministra como “capacho das ONGs”.
Apesar de não ter deixado seus acusadores sem respostas, foi impossível ocultar a irritação e a humilhação pública de Marina, que foi defendida apenas pelo punhado de xiitas “verdes” da casa, entre eles, o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, Nilto Tatto (PT-SP).
Os fortes e incisivos questionamentos à ministra têm sido a tônica em seus comparecimentos ao Congresso Nacional, inclusive, na CPI das ONGs do Senado, evidenciando um crescente esgotamento da paciência dos parlamentares e de grandes setores da sociedade com o que é cada vez mais percebido como uma agenda político-ideológica contrária ao pleno desenvolvimento do país.
Não resta dúvida de que, apesar das fortes pressões contrárias, inclusive dentro do próprio governo, Marina é uma das mais poderosas ocupantes da Esplanada dos Ministérios, uma virtual autocrata com poderes determinantes sobre projetos de desenvolvimento e empreendimentos produtivos.
É notório que tal influência decorre da sua intimidade com a cúpula do aparato ambientalista-indigenista internacional, a “Máfia Verde”, como a chamamos eu e os coautores do best-seller do mesmo nome, cuja primeira edição é de 2001 (está na 13ª edição revisada e atualizada).
Todos devem recordar-se da surpresa generalizada que foi vê-la como uma das porta-bandeiras na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, “privilégio” até então ignorado até mesmo pelo governo brasileiro. Assim como o aparato “verde-indígena”, o Comitê Olímpico Internacional (COI) também é um feudo da aristocracia europeia e de suas contrapartes da América do Norte.
Por conseguinte, a “reconciliação” com Lula, com quem estava rompida, não foi um mero expediente eleitoral, visto que o seu apelo político não vai além dos círculos de esquerda mais radicais, mas uma virtual imposição dos apoiadores internacionais da campanha do PT, em especial, a União Europeia e o governo estadunidense de Joe Biden (ao qual Lula retribui com o apoio a Kamala Harris).
Para esses poderes globais, o Brasil é peça-chave na articulação da estrutura das “finanças verdes” baseadas na conversão dos biomas Amazônia e Cerrado em “colaterais” para investimentos ditos sustentáveis. Esquema que, não obstante, está fazendo água rapidamente, como comentado em artigos anteriores.
Assim sendo, Marina vendeu caro a humilhação na Câmara dos Deputados. Dias depois, foi enviada a Washington, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para promoverem tais investimentos no país – a ilusória agenda da “potência ambiental”, na qual o governo Lula se obstina em promover como forma de protagonismo internacional.
Em seguida, foi a Cali, Colômbia, para participar da 16ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP-16). Ali, empenhou-se em criticar o Código Florestal brasileiro e o dispositivo da Reserva Legal, aprovados pelo Congresso Nacional em 2012, permitindo o abate da vegetação original em até 20% nas propriedades privadas situadas no bioma Amazônia e até 65% nas situadas no Cerrado.
“Os homens legislam, mas a natureza não assimila”, disparou ela, em um vitupério que apenas os brasileiros presentes puderam entender.
Na visão de Marina e seus fanáticos acólitos, o Brasil precisa “zerar o desmatamento” até 2030, inclusive o legalizado, para justificar a atração das “finanças verdes”
Em Cali, ela também endossou o apoio brasileiro à nomeação do ambientalista colombiano-estadunidense Martín von Hildebrand, presidente da ONG Fundación Gaia Amazonas para secretário-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Ele é “pai” do famigerado projeto do Corredor Triplo A (Andes-Amazônia-Atlântico), projeto originalmente apresentado em 2015 e cuja denúncia, na qual participei diretamente, ensejou a firme reação contrária do governo brasileiro e o seu virtual cancelamento. No entanto, não será surpresa se o novo secretário-geral orientar a OTCA para algum tipo de alternativa a ele.
Curiosamente, Marina circulou na conferência com um colar do Instituto de Pesquisas Ecológicas-IPÊ, uma das mais ativas (e ricas) ONGs que atuam no Brasil, recebendo recursos superiores a R$ 50 milhões anuais de várias fontes, inclusive o Fundo Clima do governo brasileiro, o Fundo Amazônia, várias fundações estrangeiras e um acordo milionário de créditos de carbono com a empresa farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca (a própria, das vacinas contra a Covid-19 proibidas em vários países da União Europeia).
Enquanto isso, no Brasil, o famigerado Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) coroava o troco de Marina aos dissabores experimentados no Congresso, com o novo veto ao pedido de licença ambiental da Petrobras para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-59, situado no litoral norte do Amapá.
Praticamente repetindo os mesmos argumentos apresentados em maio de 2023, os técnicos que assinaram o parecer não escondem a intenção de arquivar definitivamente o licenciamento, um dos principais objetivos da atual agenda “verde-indígena” para apresentar como trunfo na conferência climática COP-30 em Belém, no próximo ano.
A decisão, ostensivamente tomada com base em critérios eminentemente políticos e ideológicos, sem qualquer embasamento técnico-científico, reforça um clamor que começa a esboçar-se no país, sobre a necessidade de uma ampla revisão e devida limitação dos atuais poderes atribuídos ao Ibama e aos órgãos ambientais, em geral. Só podemos esperar que prospere.
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