| Foto: Reprodução Twitter
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Ninguém reparou, mas a Terceira Guerra Mundial já começou. O conflito não está mais confinado geograficamente: a guerra entre a Rússia e a Ucrânia se internacionalizou e já teve a sua primeira batalha em outro continente, a América Latina. Para ser mais preciso, no Rio de Janeiro.

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Foi no dia 1º de março, em frente ao Consulado da Rússia, no Leblon, um bairro nobre da Zona Sul da cidade. O MBL – Movimento Brasil Livre estava protestando contra a invasão da Ucrânia pelas tropas de Putin. Ocorre que militantes do PCO – Partido da Causa Operária tinham marcado uma manifestação a favor da Rússia, na mesma hora e local. O pau quebrou.

Foi a Batalha do Leblon. Parece que, na ânsia de prestar solidariedade ao grande líder Vladimir Putin, um soldado do PCO se excedeu um pouco. Pelo menos foi o que afirmou o MBL em sua conta no Instagram:

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“O MBL Rio de Janeiro estava fazendo um ato na frente do Consulado da Rússia, mas apareceu uns marginais [sic] do PCO para DEFENDER a Rússia. Um vagabundo do PCO ainda agrediu membros do MBL e foi preso.”

Na verdade, os dois grupos se acusaram mutuamente de agressão. Segundo informações do portal UOL, pelo menos quatro militantes do PCO foram detidos pela polícia. O UOL divulgou o vídeo abaixo, que registra o início da batalha:

“Aha! Uhu! A Ucrânia é nossa!”

Mas a história não terminou aí. No dia seguinte o PCO postou no Youtube o vídeo abaixo, gaiatamente intitulado “Chora MBL, a Ucrânia é nossa!”, com uma legenda explicativa que diz: “PCO defende a Rússia e combate o fascismo nas ruas do Rio de Janeiro. Ou seja, quem condena a invasão da Ucrânia pela Rússia é fascista (e fascista, como se sabe, nem gente é).

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Em seu site,

, o PCO incluiu artigos do tipo: “Que os capitalistas paguem pela crise feita por eles mesmos”, “Atacaram o Talibã e agora atacam a Rússia: aonde vai a esquerda?”; “Putin, o Richelieu da era moderna” e “Tropas libertadoras russas tomam primeira grande cidade ucraniana”.

Se esse episódio da Batalha do Leblon serve para alguma coisa é para demonstrar como se tornou confusa a distinção entre direita e esquerda no Brasil.

Ao apoiar a Rússia e condenar a Ucrânia, o PCO, partido de extrema-esquerda, se aproxima da posição de Bolsonaro, conservador e de direita. Mas o PCO apoia Lula, que acabou de criticar, em visita ao México, a invasão da Ucrânia pela Rússia. Se Lula ataca a Rússia, isso significa que, aos olhos do PCO, Lula é fascista? Mas, de novo, o PCO apoia Lula!

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A Ucrânia, vale lembrar, é um país governado pela direita (extrema-direita, segundo alguns), e não apenas isso: a aversão ucraniana ao comunismo é tão grande que levou, em um passado recente, vários apoiadores de Bolsonaro a defender a “ucranização” do Brasil.

Está ficando difícil acompanhar? Vai piorar. A grande mídia, por sua vez, que invariavelmente adota a narrativa da esquerda em tudo que diga respeito a agendas de comportamento e bandeiras identitárias, se acoelha e passa a cancelar a Rússia e a defender com unhas e dentes um país governado pela direita (extrema-direita, segundo alguns).

E já tem analista político dizendo que o problema não é ser de esquerda ou direita, o problema é a “identidade do líder viril, testosterônico e autoritário” que Putin encarna, e é por isso que a “galera do bem” deve apoiar a Ucrânia, mesmo que a Ucrânia seja governada pela direita. O mundo já foi melhor.

A qualquer momento, novas informações sobre a Terceira Guerra Mundial.