“Woke” (literalmente, o passado do verbo “to wake”, “acordar”, “despertar”) é a palavra da moda, adotada pela militância progressista, canceladora, lacradora, formada por guerreiros da justiça social e virtuosos praticantes do ódio do bem, para descrever e justificar práticas diárias de censura, perseguição e vitimização.
Por minoritários que sejam, os ativistas woke impõem à sociedade as suas próprias regras e sanções, por meio da intimidação e do constrangimento. Apropriando-se de bandeiras identitárias legítimas em sua origem (luta por igualdade de direitos, combate ao preconceito, crítica à desigualdade social etc), o ativismo woke não admite qualquer tipo de questionamento ou contestação: a única atitude que ele aceita é a submissão incondicional a decretos informais e arbitrários que obrigam o cidadão comum, por exemplo, a aceitar e achar bonito que homens biológicos frequentem banheiros femininos, pelo fato de se sentirem mulheres.
O pretenso monopólio da consciência em relação a questões sociais se tornou assim pretexto para a defesa da censura e de esfolamentos diários nos tribunais de justiça sumária das redes sociais. Felizmente, esse fenômeno está dando sinais de fadiga: são cada vez mais frequentes os episódios de cancelamento mútuo entre diferentes tribos identitárias.
É a consequência inevitável da busca não pela igualdade de direitos, mas por direitos especiais e privilégios para o próprio grupo: era questão de tempo para esses conjuntos de direitos diferenciados entrarem em rota de colisão, bastando citar como exemplo o caso das “mulheres trans” que acusaram as mulheres lésbicas de transfobia por recusarem envolvimento sexual com homens biológicos, assunto comentado neste artigo.
Aos poucos, felizmente, as pessoas comuns começam a se revoltar contra a espiral de silêncio imposta pelas milícias woke. E, à medida que a cultura do cancelamento cai no ridículo, ser cancelado deixa de parecer uma coisa tão relevante ou ruim. Exceto na bolha progressista, cada novo episódio de cancelamento lacrador passa a ser recebido com deboche ou, no mínimo, indiferença - ainda que a adesão estúpida de empresas patrocinadoras de artistas e atletas continue tendo consequências lamentáveis para as pessoas envolvidas.
O deboche é a principal arma de um livro que acabou de ser lançado nos Estados Unidos: “The Babylon Bee Guide to Wokeness – How to take your wokeness to the next level by canceling friends, breaking windows and burning it all to the ground” (“O guia Babylon Bee para a Wokeness – Como levar sua Wokeness para o próximo patamar, cancelando amigos, quebrando janelas e queimando tudo até o chão”, em tradução livre), de Kyle Mann e Joel Berry. Elogiado por Ben Shapiro, o livro faz uma sátira devastadora à cultura woke. (O Babylon Bee é um site conservador de sátiras de notícias, que publica artigos sobre temas como religião, política e figuras públicas.)
Mas o que é ser woke, afinal de contas? Seguem algumas respostas, segundo os autores do Guia Babylon Bee:
- Entender que os problemas da sua vida não são culpa sua.
Na verdade, se você pensar bem, nada é culpa sua. Sempre responsabilize os outros por todos os seus problemas, este é o primeiro passo para você se tornar woke.
- Encontrar sua identidade não na realidade objetiva, mas nos seus sentimentos.
No passado, as pessoas definiam suas identidades com base em verdades objetivas, como a biologia e a família. Os militantes woke superaram isso: elas simplesmente escolhem a identidade subjetiva que as faz se sentirem bem.
- Venerar o planeta, não a humanidade: a humanidade é má.
Você só defenderá de verdade a Mãe Terra quando reconhecer que a humanidade é sempre a vilã. Lute pelo aborto e pelo controle populacional – desde que ele não inclua você nem ninguém que você conhece, é claro.
- Rejeitar qualquer religião organizada, mas acreditar cegamente na esquerda.
É fundamental para um ativista woke se livrar de coisas ultrapassadas, como doutrinas religiosas e valores morais – e passar a acreditar incondicionalmente em que tudo que a esquerda lhe disser.
- Enxergar racismo, sexismo e ódio em toda parte.
Eles estão em todos os lugares. Se você se esforçar, vai ser fácil identificá-los.
- Fazer lavagem cerebral em seus filhos, para que eles odeiem a vida e se sintam miseráveis.
Você não quer criar filhos felizes e ajustados, porque isso é o que fazem os nazistas!
- Vandalizar, depredar, quebrar tudo.
Ou melhor, protestar “pacificamente”, sempre em nome da justiça social.
- Jamais demonstrar felicidade e satisfação, sempre reclamar de tudo.
Em vez de lutar pela realização pessoal, um woke se dedica 24 horas por dia a resmungar e se lamuriar como se fosse uma criança chata.
As respostas poderiam continuar por várias páginas – incluindo o uso correto dos pronomes neutros, ou a classificação como fake news de qualquer notícia que não me agrade nem confirme as minhas convicções.
A escalada da insanidade woke não pode parar.
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